O Toureio.pt comemora neste mês de Julho 10 anos de atividade continua, para celebrar a efeméride convidou várias personalidades da tauromaquia a comentar estes últimos 10 anos da tauromaquia.
O convidado de hoje foi diretor do conhecido Jornal Farpas, tendo ainda passado por outras publicações a nível nacional. Atualmente gere um dos espaços da internet mais visitados relacionados com a temática Taurina, falo-vos de Miguel Alvarenga:
Toureio.pt – O site Toureio.pt nasceu há 10 anos, na sua opinião o que veio acrescentar á tauromaquia portuguesa?
Miguel Alvarenga –Embora não tivesse sido propriamente o primeiro, a verdade é que acabou por ser quase o pioneiro da informação taurina na internet e foi, isso sim, o primeiro que deu nas vistas, pela actualidade que apresentava, pela “agressividade” (no bom sentido) e pela dinâmica. Marcou, sem dúvida. Os outros, incluindo o meu “Farpas”, vieram muito depois.
Toureio.pt – Em seu entender nestes dez anos passados o que mudou e evoluiu na nossa tauromaquia?
Miguel Alvarenga –Mudou e evoluiu pouca coisa e o problema do estado em que estamos tem mesmo sido esse. O toureio estagnou e sobretudo estancou a forma de gerir, quer por parte dos empresários, quer pela própria intervenção dos artistas, o espectáculo tauromáquico. Tudo se passa na nossa Festa como se passava há 40 anos. Publicitam-as as corridas como se publicitavam nos anos 60, com os mesmíssimos carazes colados nas paredes, pouco ou nada se apostou no marketing através das novas tecnologias e, pior que tudo isso, não apareceram novas vedetas, novos ídolos, capazes de levar gente às praças. As últimas grandes vedetas que foram ídolos foram o João Moura, depois o João Salgueiro e, no toureio a pé, o Pedrito de Portugal. A partir daí e já lá vão muitos anos, isto estagnou por completo.
Toureio.pt – O que é que recorda nesta década que de mais positivo se passou no nosso País em termos taurinos?
Miguel Alvarenga – A meu ver, o que de mais positivo aconteceu em termos taurinos nestes dez anos foi mesmo a evolução/renovação registada em algumas praças, que se modernizaram, casos das do Campo Pequeno, de Évora, de Elvas e do Redondo. De resto, em termos positivos, destacarei a importância que tem tido o Campo Pequeno desde que reabriu. Tem tido uma magnífica gestão por parte de Rui Bento e tem chamado novos públicos para a Festa.
Toureio.pt – Em relação á forma como é comunicada e divulgada, acha que esta múltipla variedade de informação, principalmente a relacionada com as tecnologias de comunicação é benéfica para a festa brava?
Miguel Alvarenga –Muito benéfica mesmo. As novas tecnologias têm a grande vantagem de se poder informar no segundo, em cima da hora. Já não faz sentido um jornal em papel. Acabei com o “Farpas” no momento certo, por considerar que deixa de fazer sentido para o aficionado estar uma semana à espera para ler uma notícia que na internet é dada na hora.
Toureio.pt – Além do comentário ao momento atual do nosso panorama taurino, gostaríamos que nos deixasse também uma antevisão na sua perspetiva daquilo que poderão vir a ser os próximos dez anos no que diz respeito á tauromaquia?
Miguel Alvarenga –Faço uma antevisão meio catastrófica, mas que, a meu ver, é a realidade. Temos que ser realistas. Se não se inovar, em todos os aspectos, se não se acompanhar o futuro – e o futuro está todos os dias ao dobrar da esquina – se a Festa Brava continuar a ser cinzentona e enfadonha, sem nada que mexa, sempre tudo igual, sempre tudo “mais do mesmo”, acho sinceramente que não dura uma década, que acaba antes…
Toureio.pt – Que mensagem quer deixar nestes 10 anos de Toureio.pt?
Miguel Alvarenga –Aplaudir o Vosso trabalho, sobretudo a dinâmica e a vontade do Hugo Calado, agradecer-vos por terem sido os primeiros, desejar-vos a maior felicidade para o futuro.