Meus amigos vamos lá a falar claro! Se estão recordados, e concorde-se ou não com o que por lá se passou, já no Maio de 68 os estudantes afirmavam na capital francesa, naquele momento de convulsão social e de ruptura de uma sociedade: “É proibido proibir”.
Hoje passado esse tempo todo vemos com apreensão que a tendência é mesmo para proibir, não respeitando a nossa liberdade de escolher os nossos gostos, de gostar de touradas, ainda que nós respeitemos quem não gosta.
Vivemos numa sociedade do faz de conta, em que parecer assume uma enorme importância, pondo de lado a realidade e a verdade da vida.
Que País é este, e que políticos são estes que cedem e são coniventes com grupúsculos que fazem do fundamentalismo a sua doutrina. Sim porque estes são os mesmos que nos vendem ideias feitas á medida e ideologias formatadas, veiculadas pelos meios de comunicação e redes sociais, aqueles que são pagos pelo llobby da alimentação animal que tem todo o interesse em destruir a nossa tolerante forma de viver.
Agora até já abrem pastelarias para dar bolinhos aos ditos animais de estimação, e a moda vai pegando cada vez mais e, quantas vezes não nos lembramos do nosso semelhante que nem sequer tem direito a uma simples refeição. Que hipocrisia a nossa!
A conivência de muitos políticos é manifesta, querem é acompanhar estas modas do politicamente correcto, captar novos eleitores que lhes possibilitem a manutenção no cargo e no poder. E nós vamos assistir tolerantes, imersos na nossa inércia, sem uma atitude firme?
Vamos deixar que nos esmaguem, que os ataques continuem e pouco a pouco vão minando a nossa cultura?
Eu por mim, digo não. Não devemos ceder nem um milímetro, devemos isso sim ter uma atitude de firmeza na defesa do que é nosso.
Falando dessa cultura e dessa coragem que deve ser apanágio de todos os taurinos gostaria de referir o excelente trabalho produzido pelo secretário geral da Prótoiro, Hélder Milheiro em todas as suas intervenções tanto na televisão como na rádio, e de que é exemplo a sua recente participação num debate na TSF, em que defendeu com clareza e determinação os nossos valores.
Mas convém também salientar o importante papel da Fundación Toro de Lidia , aqui ao lado na vizinha Espanha, conseguindo derrotar todas as acções fundamentalistas intentadas contra a tauromaquia, conseguindo implicar a Justiça nas decisões favoráveis á nossa causa, como a recente postura do Tribunal Supremo de Espanha e no seguimento da anterior sentença do Tribunal Constitucional que deu razão á decisão do Conselho de Ministros que tinha proibido a proposta do Ayuntamiento de San Sebastián de fazer um referendo que punha em causa as corridas naquela cidade do País Basco, mais reconhecendo a Tauromaquia como uma expressão relevante da Cultura tradicional do povo espanhol. Convirá referir que esta postura esclareceu definitivamente as dúvidas que ainda persistiam em relação ás decisões das Comunidades Autónomas que constituem a Espanha, assim será sempre o Estado a decidir, o que protege a própria tauromaquia de alguns localismos e regionalismos dominados por minorias impregnadas de tiques totalitários.
Mais, reconhecendo a prevalência de que a cultura está intimamente ligada á liberdade, e a sua defesa é uma incumbência do próprio estado.
Parece-me que seria de bom tom aprender com este exemplo que em nada nos menoriza, fortalecer a parceria entre a nossa Prótoiro e a Fundación que tem um modelo de organização eficiente, dinâmico e com recursos humanos de grande qualidade (principalmente o gabinete jurídico), que nos podem ajudar a criar sinergias de futuro para a salvaguarda da Festa.
Vêm a propósito uma frase do grande toureiro francês Sebastián Castella, numa entrevista que deu há tempos – Yá no se trata de un debate “toros sí, toros no”, sino de un bien superior, proprio del ser humano, que nos quieren negar tanto a los profesionales como a los aficionados y a la sociedade en general: la libertad.
De facto a tauromaquia é um bem universal, e por favor permitam-nos poder desfrutar daquilo que gostamos – a festa de toiros – sabendo que a mesma não é de esquerda ou de direita, não é pertença de nenhum partido ou grupo político, ainda que os mesmos a possam e devam apoiar por ser um bem cultural tal como o consagra a nossa Constituição. Não concebo pois que se apropriem desta forma de expressão cultural tão rica e tão importante para milhões de aficionados, que é património do povo, de todos aqueles que nos revemos nesta arte que nos apaixona, e que queremos continuar a ter a liberdade de nos emocionarmos em cada corrida que vemos!