O VII Festival de Beneficência a favor da CerciBeja e também da Assoc. Hum. Bombeiros V. Beja marcou o encerramento da temporada 2014 no Baixo Alentejo. Mesmo com adiamento e trocas no cartel inicial o público da casa (e alguns forasteiros) acorreu com vontade de ajudar e passar uma tarde de toiros. Teve ambiente e em definitivo podemos dizer que está ganha a data e o evento no Calendário taurino nacional. Em nossa opinião é neste momento a mais taurina das datas de corrida das ultimas temporadas em Beja. 9000 euros, aproximadamente, de ajuda às instituições.
Taurinamente, resultou melhor na segunda parte a função. Bonitos e bem apresentados os exemplares enviados a Beja pelos ganaderos. De diferentes idades não complicaram e deixaram-se sem problemas de maior os de Romão Tenório, Gregório Oliveira (2º da ordem), Prudencio e Varela Crujo. Mais exigente, com violência de investida e dureza o de Pégoras e mais nobre, codicioso e repetidor o sobrero de Gregório Oliveira (em substituição do devolvido de Ant. Silva).
Actuações sóbrias e consistentes de Joaquim Bastinhas e Tito Semedo. Andaram por cima dos oponentes, sem malabarismos e com correcção e muito asseio em tudo o que fizeram, terminaram com “flores” em modo correcto. Destaque para a forma como Semedo recebeu e parou, sozinho, um toiro com “muitos pés” e que apertou de saída. Estiveram num registo de muito bom nível e muito semelhante.
Sónia Matias “aviousse” com um toiro duro e violento que queria colher, deixou a ferragem da ordem com valentia e asseio rubricando lide mais transpirada que artística. Foi reconhecido o esforço pelo publico.
Pedro Salvador pôs o picante na tarde com uma lide de grande impacto nas bancadas e muita raça na arena. Andou pelo caminho certo da frontalidade, dominou o oponente por completo, mesmo quando ele queria fugir e andava perdido na arena. Sentido de lide e dos terrenos, preparação e colocação da ferragem com brilhantismo e fulgor, foram base de triunfo grande.
Joana Andrade acusou a falta ritmo e as dificuldades de quadra com que se depara, muito por força do problema que lhe dizimou recentemente os craques. Não foi a passagem desejada por Beja, mas fica a dignidade e a raça para seguir em frente, como vem fazendo.
O outro êxito da tarde foi para João M. Branco, num sobrero codicioso e cómodo. Desenvolveu a lide com o sentido do que era preciso fazer para chegar ao publico e não comprometer a arte. Tem soluções e recorreu a elas. Boa execução da ferragem e rematada com os ladeios na justa medida foram a base do triunfo que fechou a tarde.
Nas pegas a tarde não foi a melhor. É certo que é festival, que os toiros estavam na justa medida para a juventude, mas é preciso um mínimo de conhecimento e saber, sobre o que se deve fazer á frente de um toiro…em toda a formação.
Por Cascais, pegaram Pedro Baião (à 1ª), Ventura Doroteia (à 3ª, no mais duro e violento teve uma raça enorme) e Paulo Loução (à 1ª).
Por Beja foram solistas, Bento Q. Costa (à 1ª), Luis Eugénio (à 1ª) e Francisco Patanita (4ª).
Dirigiu com assertividade nos momentos mais complicados o Sr. Tiago Tavares, assessorado pelo Dr. Matias Guilherme e o cornetim António Ruiz. Embolação e ferragem da dupla Carlos Simões e José Alcachão. Abrilhantou no regresso à sua casa a Banda da Soc. Filarmónica Capricho Bejense. O jogo de Cabrestos pertence à Ganadaria de Passanha Sobral e foi conduzido por Nelson Ramos (maioral da ganadaria) e Francisco Carrascal.
Nota final para reflexão sobre a “pachengada” dos lenços e dos critérios dos D. Corrida face aos critérios do público e artistas, que o novo regulamento veio trazer. É recorrente, e uma vez mais isso aconteceu, a disparidade de opinião e acção entre uns e outros. Deveria, tal como o público o exigia com força e insistência, saído para volta o forcado na terceira pega da tarde, não teve lenço não saiu. No quinto tiveram lenço os artistas (cavaleiro e forcado), recusaram dar a volta, ficaram nos médios e no acordo do público, em função de prestação que não era para tanto.