Segunda-feira, Setembro 9, 2024
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Beja…só para aficionados!!

A corrida Ovibeja 2014 resultou num espetáculo entretido, com vários matizes de interesse mas sobretudo como oportunidade de reencontro de conceitos em relação ao que é o Toiro de Lide, o que é lidar o Toiro de Lide, pegar o Toiro de Lide e o que é de valorizar quando estes conceitos se reúnem. Tal aconteceu logo no 2º. da função, um Toiro, com presença, trapio, fiereza, génio, poder, nobreza e muita casta, cedo se percebeu que daria lide, mas existia um senão…havia que arriscar, porfiar e tragar para o entender, dizer quem mandava no "buraco", ter argumentos para o enganar sem enganar o "pagante" e depois, conseguir sacar aquela nobreza, no cumulo da entrega e do jogo supremo do toureio. Foi isso que Luis Rouxinol, o quatreño de 585 kilos de Varela Crujo e Guilherme Santos dos Amadores de Beja (toreria no cite, aguenta de largo, manda na reunião e fecha-se numa das poucas investidas francas que o génio do oponente permitia) alcançaram. Em nossa opinião, foi o ponto alto da corrida.

Mas não foi só isto que prendeu, entreteve e agradou o público responsável pela meia praça à vista. Curro variado de tipo, rematado, com idade, com transmissão, sem querenças, colaborante mas exigente, com um toque agridoce que entusiasma os verdadeiros aficionados, dá os triunfos a que tem argumentos e destapa muito, quem os não tem. Justificada em pleno a chamada do ganadero no último. Foi o cerne de uma boa tarde de toiros.

Moura pai é, inquestionavelmente, uma figura do toureio, isso torna cada atuação sua um ponto de aferição e exigência, particular, de mínimos artísticos condizentes com o trajeto profissional, os méritos alcançados e a imagem construída ao longo de décadas. Uma tarde má acontece a todos e João Moura teve-a em Beja. Toques, encontrões, muitas cilhas passadas, e algum desconcerto pautaram uma atuação em que não deveria ter dado volta, com um bondoso colorau, a sua primeira. No seu segundo, apareceu mais pausado, mais toureiro, nunca se encontrou verdadeiramente, mas compôs atuação mais confiada e asseada, com os ladeios no remate a lembrar a sua imagem de marca, dos últimos tempos.

Do primeiro de Rouxinol falámos no inicio desta crónica. No segundo repetiu a dose de confiança, puxou dos argumentos e deu também, a volta a outro Varela colaborante mas com perigo (foi o toiro da corrida), está em inicio de época com o profissionalismo do costume e deixa antever, mais um ano de numero do toureio a cavalo no Mundo.

Tito Semedo surgiu renovado, mantém a raça e profissionalismo que o caracteriza, mas está mais solto, mais artista e mais comunicativo, teve uma tarde que guardará. Entendeu os dois oponentes na perfeição, bregou bem, deixou a ferragem consoante as características das suas montadas, mas de forma limpa e reconhecida pelo conclave. Momentos de maior "toreria" e profissionalismo no seu segundo, um toiro que pedia contas para ajudar ao triunfo e não era fácil, puxou da experiência e deu-lhe a volta, com o respeito dos presentes e para com os presentes a ser o prémio final. 

Saudável companheirismo entre Grupos, na essência, da mesma terra. Os Varelas não complicaram, mas alguns tiveram as "suas coisas", era preciso estar bem na cara para tirar partido da nobreza que traziam e tecnicamente compor a actuação. Em ambos os conjuntos de pegadores os ajudas foram determinantes e estiveram acertados. Quanto aos forcados de cara, pegas houve em que a vontade de lá ficar foi superior à perfeição técnica, isto mesmo com balanço de sete tentativas em 6 toiros. Retemos a perfeição nas pegas de Guilherme Santos e José M. Sampaio por Beja e a de Ventura Doroteia por Cascais, todos no 1º. encontro. Curiosamente, os mais "rodados" dos seis caras da tarde foram os que erraram no momento da reunião, ao não se "dobrar" e mandar no embroque para se fecharem, por Cascais, Bruno Cantinho à 1ª e o Cabo Joel Zambujeira (com lesão importante e hospitalização) à 2ª e por Ricardo Castilho à 1.ª, nos amadores de Beja. Tarde interessante também no capitulo das pegas.

A crónica deste festejo ficaria incompleta se não saudássemos vivamente o regresso, após um ano de rejuvenescimento e reorganização, da Banda da Sociedade Filarmónica Capricho Bejense à sua praça de toiros. Agora com a direção de música do ex-forcado Luis Gois e regencia do Prof. José Filipe Guerreiro, a quase centenária instituição bejense entra numa nova fase, com garantida da continuidade taurina musical por terras de Pax-Julia e não só. O hino da Praça José Varela Crujo voltou às cortesias e que saudades já tínhamos da marcha de concerto "Quinta Maria"! 

Actuaram os bandarilheiros João Ganhão, Jorge Alegrias, Josué Salvado, João Bretes, Luis M. Gonçalves e Nuno Gonçalves. Direção com dualidade de critério na concessão de Música por Tiago Tavares, coadjuvado pelo Dr. João Infante.

 

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