A primeira grande ovação da noite foi para o Matador de toiros Mário Coelho pelos seus sessenta anos de toureio, homenageado neste dia pela Empresa do Campo Pequeno.
Uma corrida mista e mano a mano numa aposta ganha da empresa mostrando que há lugar para o toureio apeado em Portugal.
Diego Ventura dobrou-se com emoção na forma como recebeu o primeiro da noite que pertencia à ganadaria Passanha; com "Maletilla" cravou dois bons ferros compridos. Com "Sueno" cravou o segundo curto recebendo e cravando no sítio, no seguinte curto entrou pelo toiro e deixou mais um grande ferro; o público exigiu-lhe mais, acedeu um que cravou nos médios a encerrar uma grande atuação a um grande toiro de Passanha.
Francisco Borges executou à primeira tentativa o que abriu a noite. Rejoneador e forcado foram premiados com volta.
El Juli recebeu o seu primeiro de Gracigrande por verónicas, brilhando também em vistoso quite por chicuelinas nos médios; foi atribulado o tercio de bandarilhas; na faena de muleta depois de duas séries de derechazos ; experimentou com a da verdade mas o toiro ficava curto; termina cruzando-se e pisando terrenos de compromisso pregando um "arrimon" dos tais; praça em pé para aplaudir uma grande faena premiada com volta a um nobre toiro de Gracigrande.
Diego Ventura foi de garrocha à porta gaiola para receber o seu segundo que pertencia à ganadaria Vinhas; problemas de locomoção prontamente vistos pelo diretor levaram à sua devolução; correndo turno saiu um astado da ganadaria de D. Guiomar Cortes de Moura que sempre que podia se refugiava em tábuas; Ventura pisou-lhe os terrenos e ganhou a "pelea" com destaque para segundo e terceiro ferros curtos cravados nos médios com ligeira batida ao piton contrário; gostou o respeitável e pediu mais; sacou o Remate e com ele cravou um grande par de bandarilhas rematando a lide com dois violinos de palmo e a praça rendida ao de La Puebla. Aplaudida volta para Ventura; João Braga pegou à terceira tentativa o segundo da noite para a lide a cavalo não dando volta.
Chamava-se "Monanguillo" o segundo da noite para a lide apeada e pertencia à ganadaria de Domingo Hernandez; começou a lide a perder as mãos e no capote não houve lugar a brilho, quite de ajustadas gaoneras de António João Ferreira; mais um desastroso tercio de bandarilhas; El Juli inventou um toiro que não existia e sacou-lhe uma grande lide; começou a brilhar na segunda de muletazos, naturais e lugar para "dosantinas"; terminou metido entre os pitons e colocou a praça em pé numa longa e entretida faena premiada com duas voltas de agradecimento.
Diego Ventura terminou a sua passagem por Lisboa lidando um sério e encastado toiro de Vinhas; na brega teve momentos verdadeiramente emocionantes; deixando ferros de nota elevada; convidou na parte final o sobressalente David Gomes para com ele cravar dois ferros curtos o segundo deles ficando um pouco descaído e traseiro deixando tocar a montada no remate da sorte; Ventura rubrica a sua atuação com uma grande ferro ao piton contrário. O Grupo de Montemor que esta noite atuava em solitário terminou com uma rija pega efetuada ao primeiro intento por intermédio de Francisco Bissaia Barreto.
Olés para as "lopecinas" com que El Juli brindou o público que praticamente enchia as bancadas da praça Lisboeta; o mesmo público que lhe "exigiu " bandarilhar; cravou três pares de arrepiar em "su sitio" e foi-se aos médios por estatutários logo ao som da filarmónica e com o silêncio do público; uma faena mandona de Julian Lopez a um bom toiro de Domingo Hernandez que enlouqueceu as bancadas. Três voltas para Juli e porta grande que não se abria desde o ano de dois mil e onze; numa grande noite de festa na praça da capital.
E como um dos ingredientes da tauromaquia também é a surpresa e o inesperado Diego Ventura ofereceu lidar o sobrero da ganadaria Passanha para que a noite ficasse definitivamente na história; brindou a lide a Juli e cravou o primeiro comprido à porta gaiola; uma lide com altos e baixos que não deixou redondear a noite muito pela falta de investidas francas do astado.
Manuel Ramalho executou a pega suplementar à primeira tentativa a aguentar fortes derrotes.
No início da corrida foi guardado um minuto de silêncio em memória do picador Rafael Trancas e do crítico João Mascarenhas.