Isto de estar em casa fechado por causa de inimigo que não conhecemos, nem se sabe de onde aparece, não é de gente que “põe a carne no assador” e pega os problemas pelos cornos. Este, contudo, não se lhe conhece os terrenos, nem de onde vêm as “tarrascadas”.
Manso, já vimos que não é!
É manhoso, ataca pela calada quando nos apanha desprevenidos e os derrotes são de tal modo violentos que desbarata qualquer formação que se ponha por diante. Temos, no entanto, gente com valor e querer, espalhados pelo mundo que lhe dá luta a valer e se a ciência ajudar, havemos de entrar a matar com uma estocada até aos copos mas não sem que ele, antes, tenha feito um número incalculável de baixas.
Este estado de coisas, como em situações análogas já ocorridas na história, é sempre ocasião de rupturas e mudanças, por vezes profundas, na sociedade e a tauromaquia não é uma coisa à margem da sociedade. Não sei o que vai acontecer com esta arte, não tenho bola de cristal para adivinhações, mas sei que está na hora de as estruturas da festa se começarem a mexer e a imaginar o que terá que mudar, para reinventarmos os espectáculos que pretendam montar.
Este ano, em termos económicos, vai ser um desastre; desde os espectáculos que se não fizeram, aos toiros que se não venderam, aos toureiros (todos) que não ganharam os seus vencimentos e às equipas da retaguarda que sofrem igualmente com a falta de rendimento da figura que os trás contratados.
É preciso reinventar alguma coisa, para que nada fique como dantes. Já vimos que o que tínhamos acabou! Agora há que ter abertura de espírito e discutir o futuro, esse imprevisível mas se não nos prepararmos, ficaremos ainda piores.
Dizia-me alguém que se não compreendermos que tudo tem de mudar, depois dói mais.
Foi-nos mostrada à evidência que mesmo com a pandemia em curso, com o apoio das novas tecnologias, podem e devem ser efectuadas as reuniões e debates para ver se nascem ideias que nos tragam coisas novas e mais público às praças. Não sei, se em alguns casos não teremos que sacrificar um pouco a tradição mas é urgente captar novos públicos para a nossa festa.
Só se consegue chegar a bom porto se não houver preconceitos e perfilhando apenas uma certeza: ninguém tem a verdade toda.
Primeiro vamos TODOS ouvir, depois discutir, tirar conclusões e quem sabe se não aparece algo que nos possa encher de esperança.
Os aficionados merecem esse esforço, são eles que pagam os bilhetes que trazem a festa de pé e temos que os entender e ser honestos com eles, aparecendo sempre com as melhores soluções para que nos possamos apresentar defendendo o que mais nos vai no coração: a Festa de Toiros.
“ A talhe de foice”: o estado diz que injectou, ao que ouvi de fugida, um milhão de euros ou coisa parecida, na cultura. Chegou alguma coisa à tauromaquia?
É certo que se nos tiraram o IVA reduzido não faria muito sentido virem agora dar uns euros por conta, mas não custava nada fazer lembrar a esses senhores que também somos cultura por muito que lhes custe.
A RTP, agora, farta-se de repetir programas para encher tempo face ao facto de não terem programas novos para tapar os buracos dos programas com público. E que tal sugerir-lhe que nesses buracos da noite passassem uma ou outra corrida de toiros?
Não sei se alguma destas sugestões já foram tentadas, se foram peço desculpa mas a informação não chegou cá, se não foram e as ideias tiverem alguma utilidade, óptimo.