O Presidente da Associação Nacional de Toureiros, Nuno Pardal, concedeu entrevista ao Toureio.pt, dado o actual Estado de Emergência que se vive em Portugal e abordando quais os efeitos que isso pode vir a ter nos toureiros.
Nuno Pardal começou por dizer-nos que “estamos a viver tempos nunca antes vividos na nossa geração. O que se está a passar é transversal a quase todas as actividades económicas. Salvo raras excepções todas estão ou vão passar por dificuldades. Quando estávamos preocupados com o aumento do IVA, com a indefinição do Campo Pequeno ou a redução de corridas televisionadas, somos assolados por uma pandemia que nos foca para algo mais importante, o valor da vida.
Centrando na sua questão, seguramente vai haver toureiros que terão dificuldades em ultrapassar este tempo. Somos uma actividade sazonal e se parte da temporada ficar comprometida, também parte dos rendimentos dos artistas serão hipotecados, com a agravante, e em especial no caso dos cavaleiros, as despesas fixas mantêm-se”.
Nuno Pardal explicou ainda que “o Fundo de Assistência dos Toureiro não prevê no seu regulamento qualquer apoio nestes casos, nem tem capacidade financeira para acumular este apoio à sua função de assistência ao acidente assim como o apoio aos toureiros reformados.
Aliás a nossa direcção vê com grande preocupação a saúde do próprio Fundo neste futuro próximo, estando a preparar medidas de contingência. Como sabe, o Fundo vive das contribuições directamente indexadas ao número de espectáculos realizados. A sua redução implica uma menor receita e consequentemente um maior esforço para cumprir com as obrigações para com os seus associados”.
Sobre o sítio cibernético criado pelo Ministério da Cultura para todos os agentes culturais, revelou que “é verdade que o Ministério da Cultura criou uma pagina web para ajuda aos artistas e proprietários de recintos de espectáculos (www.
“Julgo que os toureiros com staff fixo serão exclusivamente os cavaleiros e como referi na minha primeira resposta, para alguns, poderá haver dificuldade no cumprimento das suas obrigações.
Também nestes casos existem alguns apoios estatais e da banca para fazer face às dificuldades que esta pandemia nos trás. Esperemos que seja possível salvar todos os postos de trabalho”, disse-nos, quando questionado se poderiam haver despedimentos em staff’s que acompanham os toureiros.
Até ao momento não houve toureiros a pedir ajuda à ANT, como confirmou-nos Nuno Pardal: “Até à data não, mas a Associação tem comunicado com os seus associados a dar conta das medidas de apoio e do estado da evolução desta pandemia”.
Após esta pandemia, “julgo que nada será como dantes. O Mundo, o modelo económico, a forma de comunicar e até o nosso comportamento, irão sofrer alterações. No meio da tragédia, esta pandemia não trás só coisas más. Com ela descobrimos que é possível trabalhar desde casa, valorizar a entreajuda com vizinhos, a solidariedade dos portugueses, a gratidão aos profissionais de saúde, um maior tempo para a família e talvez o mais importante saber que é possível travar o aquecimento global com muitas medidas que agora fomos obrigados a implementar e que permite um alivio na poluição e emissões de CO2 na atmosfera. O sector tauromáquico irá com maior ou menor dificuldade ajustar-se e com certeza retomar o seu funcionamento, quando? Ainda não sabemos, mas chegaremos mais fortes e preparados. Com o apoio de todos os aficionados, com toda a certeza iremos ultrapassar este período difícil”, explicou.
“Espero sinceramente que consigamos rapidamente sair deste estado de emergência, retomar as nossas vidas, os contactos entre amigos e os afectos. Ate la devemos seguir os conselhos da Direcção Geral de Saúde, nomeadamente nos procedimentos de prevenção e higiene. Fiquemos em casa, tudo vai ficar bem”, rematou, na entrevista que nos concedeu.