No seguimento do decreto do Estado de Emergência, o Toureio.pt falou o Presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados, Diogo Durão, para abordar de que forma a pandemia COVID-19 afectará o sector dos forcados.
Diogo Durão começou por nos dizer que “uma das principais razões de ser de um Grupo de Forcados é efectivamente o companheirismo e a partilha de experiências em comum. Os valores que são transmitidos através de gerações, o espírito de entreajuda, a solidariedade, a responsabilidade, a amizade e praticamente todos os valores realmente importantes numa sociedade fazem parte da Forcadagem e são o que leva um jovem a integrar um Grupo de Forcados”.
Além de que “ser Forcado é também ser totalmente amador e representar todos os valores inerentes ao amadorismo – humildade, abnegação, entrega, paixão, etc – e por essa razão se diz que um Grupo de Forcados é um grupo de Amigos que por acaso se junta para pegar toiros”.
E por isso, “esta paragem, que se reflecte no dia-a-dia de todos nós, proporciona de facto uma falta de oportunidades para a rapaziada se juntar, não só nas Corridas, mas também nos treinos, nas ferras, nos dias de campo, nos almoços e jantares e em todas as outras ocasiões que fazem com que a “cola” da amizade e do companheirismo seja fortalecida”.
Diogo assume que “será nesta medida que o sector dos Forcados será afectado”.
Questionado se o sector dos forcados seria o menos afectado com o actual estado de emergência ou se isso era uma falsa questão, disse-nos que “gostamos de olhar para a nossa Festa Brava, a nossa Tauromaquia, como uma Família. Os Aficionados, Os Toureiros, os Peões de Brega, os Campinos, os Ganadeiros, os Cronistas e Jornalistas, os Fotógrafos, os Empresários, os Emboladores, os Porteiros, os Vendedores e toda a gente dos Toiros e da Sociedade em Geral será muito afectada por este acontecimento que temos a infelicidade de estar a viver. Como em qualquer Família o que afecta uns, afecta os outros. Na realidade todos os “sectores” da Tauromaquia serão afectados e consequentemente os Forcados também. Será sem dúvida um episódio da nossa história que nos vai tornar mais próximos e mais cientes dos nossos objectivos comuns. Assim, essa é uma falsa questão”.
Quanto à condição física que poderá ser afectada, revela que “como na vida, também na Forcadagem, a boa forma física depende da disponibilidade e vontade de cada individuo. Ser Forcado é uma forte motivação para nos mantermos em forma pelo que não tenho dúvidas que essa parte estará salvaguardada. Penso que a falta de contacto com o gado em geral será mais prejudicial. Será mais um desafio que será ultrapassado”.
Questionado se o número de grupos de forcados poderá reduzir-se dado o já elevado número de espectáculos adiados/cancelados, assumiu que “esperamos sinceramente que não. Esta é uma altura da História da Tauromaquia em que todos são precisos. Todos os que defendem e honram uma Jaqueta, que dignificam e elevam a figura do Forcado e da Tauromaquia fazem falta na Festa. Tenho a forte convicção que a ANGF e os seus órgãos Sociais tudo farão para que isso não aconteça. Um Grupo de Forcados é uma Escola de Vida e os percalços fazem parte dela. Se estivermos juntos será mais fácil superar os obstáculos”.
“Essa é uma questão à qual é impossível de responder. Vamos, serenamente, esperar pelo desenvolvimento dos acontecimentos. O que lhe posso dizer é que estamos e estaremos sempre prontos e disponíveis para ajudar em tudo o que possa ser benéfico para a nossa Festa e para todos os seus intervenientes”, disse-nos sobre a forma como será retomada a actividade tauromáquica.
E se nesse reinicio poderá faltar público, através do medo das aglomerações, ou se as praças estarão esgotadas, devido à vontade e saudade de ver corridas de touros, Diogo Durão foi claro: “Tenho a certeza que a “sede” de Toiros vai encher as Praças de Toiros do mundo inteiro. Os Portugueses estão a dar um excelente exemplo de Cidadania com esta questão do Covid-19. Também o vão dar quando a situação inverter e for necessário voltar à normalidade. Vamos ser exemplares e tenho a ilusão que vamos lutar, ainda com mais afinco e paixão, pelo que é nosso e pelo que amamos – a nossa Tauromaquia. E vamos encher Praças e aplaudir os nossos Toureiros, os nossos Toiros e os nossos Forcados”.
Recorde as entrevistas sobre este tema: