Quinta-feira, Janeiro 16, 2025
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De Fora… – Por Nelson Lampreia

Estamos já na primeira fase de grandes acontecimentos taurinos de cada temporada em Portugal. Da Páscoa à Feira de Santarém são dois meses (mais ou menos) de tradicionais eventos que marcam o arranque e o primeiro grande teste ao que poderá ser a época. As primeiras Corridas de Toiros surgem como que a encerrar (alguns ainda se realizarão) o período dos Festivais Taurinos. O fim-de-semana da Páscoa com S. Manços e Sousel, as primeiras de Lisboa, Alter, Ovibeja, FIAPE, Moura, Feira de Garvão, o Concurso de Évora, a Ascensão na Chamusca, Montemor-o-Novo, Moita, Salvaterra de Magos, Vila Franca de Xira, Portalegre, Coruche e mais alguma que me escapa e que também contribui para o início do “lio”, a sério.

Importa pois que se alinhem critérios para balizar o que deve ser feito para diante. Ou seja, estar atento, onde vamos e onde outros vão, sobretudo perceber o que o público quis, ou não quis, ir ver, como reagiu ao que viu, o que se viu e o que se serviu. Perceber se o cartel foi mesmo atractivo, se resultou, porquê e se não porquê, também. Mesmo que tenha a participação de outros e seja organização de outros. Sempre de forma isenta, introspectiva e fria.

Muitos dirão que isto não é nada de novo. Pois…de facto não é! Mas quando vemos nesta fase carteis montados para muito mais tarde sem se ter sequer percebido como estão os artistas, as quadras, as ganadarias e sobretudo…o público, faz sentido “filosofar” sobre o tema.

Cada Agente Económico Tauromáquico, e suas organizações sectoriais, saberão da poda, mas muitas vezes sabem tanto, estão tão metidos nela há tantos anos e dentro do mesmo registo, que se esquecem de auto-analisar o caminho que foi feito, se de facto era aquilo que na devida altura era pedido e se foi feito o correcto. Caso não tenha sido, quais as opções de então. Idem a cada momento.

É fácil falar de fora, mas muitas das vezes quem está de fora vê diferente de quem está dentro e vê mais longe. E esse ver mais longe depende do que agora se consiga ver, diferente de ver o que se gostaria que se visse.

Há empresas a tentar inovar na promoção das suas organizações por meios diferentes, há artistas a procurar promover a sua imagem e profissão por vias mais modernas e formas diferentes. Há tentativas de colocar a festa na cabeça do cidadão comum, há tentativas de trazer o turismo e promover o produto nacional, tudo isto é bom, é positivo, temos de valorizar e promover. Só dá resultados a prazo, maior ou menor consoante a consistência e estruturação das iniciativas e acções, até aqui desgarradas e mais por iniciativas próprias. Ponto comum a todas elas é a imprescindibilidade de uma correspondência directa com a qualidade do espectáculo que é vendido. Sem o desvirtuar na sua essência, porque é essa que lhe dá identidade de base. Inovar não dá direito a descaracterizar! A Base é a Arte e a Emoção…convém não esquecer, nunca! O público quer apreciar, vibrar, aplaudir e voltar a comprar "o belo", sentir o coração apertado, o calafrio, o ui e o ai na voz com a mesma espontaneidade com que se levanta do seu lugar ao sentir o perigo e a colhida por perto, ao mesmo tempo.

Basicamente importa estar atento e interpretar os sinais que deixa o espectáculo e a indústria tauromáquica a quem se senta na bancada, em casa, no jardim, no café, no carro, na praia, no campo, no hospital, no centro comercial, etc. Porque nos tempos modernos, em todos estes sítios é possível consumir um espectáculo tauromáquico…Haja capacidade para o tornar consumível e criar novos consumidores…isso só se consegue com um olhar crítico permanente para a floresta e não apenas para a árvore…Os novos sinais de base de análise podem ser tidos já nesta primeira fase da nossa temporada, os anteriores têm décadas…Aproveitem Srs AET’s (Agentes Económicos Tauromáquicos)!

Acho eu…De Fora…

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