Terminado o rescaldo das eleições legislativas, onde ironicamente, e só ironicamente, todos ganharam. Há um facto, que já nas últimas legislativas se poderia ter consumado; caso Lisboa elegesse mais um deputado, esse deputado era, e foi-o agora, para o PAN (Pessoas, animais e natureza); assim á primeira vista, e sem grande profundidade de análise, o PAN é um partido que defende medidas populistas, como o aumento do período de licença de maternidade para um ano, o copo vaginal, preconiza também as trinta horas semanais de trabalho; quer o estatuto jurídico do animal, o reconhecimento de direitos á natureza; não esquece as propostas absurdas e contraditórias como: “Proibir a inseminação artificial, e regular o período entre gravidezes das vacas leiteiras” ao passo de defender por outro lado: “O acesso à procriação medicamente assistida a mulheres solteiras e casais de mulheres.” Do seu conteúdo programático, bastante discutível diga-se de passagem; o ponto que mais nos interessa é: “Abolição dos espectáculos com sofrimento ou morte de animais.” Como todos sabemos o seu primeiro objectivo é simplesmente tentar acabar com a festa brava. A ameaça, todos sabemos que é constante de alguns anos a esta parte; agora com assento na assembleia da república, será uma realidade a apresentação de propostas com o objectivo de tentarem por em prática os seus propósitos anti-taurinos. Todos sabemos da pouca clarificação de posição, de todos os partidos em relação ao tema taurino, e da diferença de pontos de vista em relação a deputados da mesma cor política, portanto, ao aparecer uma proposta destas a votação, o risco de atingir os direitos dos aficionados, será enorme.
Por falar em votação, em proposta, e em exemplo concreto, ele aí está: chegou hoje mesmo, depois de no ano passado a proposta se ter “salvo”, á segunda foi de vez, e a noticia caiu hoje como uma bomba; um facto carregado de injustiça, de discriminação e de absoluta maldade, contra o toiro bravo, que ao invés de ser defendido por essas tais associações que dizem defender os animais, foi sim atacado. Estou a falar na proposta apresentada no parlamento europeu, e aprovada, pelos partidos: “Verdes Europeus” e “Aliança Livre Europeia” (partidos de marca branca, que escondem traiçoeiramente os seus ideais; e depois dá nisto) que apresentaram pela segunda vez a proposta de: acabar com o valor/ subvenção de ajuda á produção dos animais da ganadaria brava; criando aqui desde logo uma discriminação em relação a todas as outras legitimas ajudas a todas as outras espécies animais; e o mais absurdo, quando estas ajudas são em relação á superfície de terra e não da actividade.
Contrariamente e com maldade e facciosismo também, já vi títulos de noticias onde se diz que “A união Europeia cortou a ajuda financeira à tauromaquia”, o que de facto aconteceu, foi o corte da ajuda á produção da ganadaria brava; óbvio que indubitavelmente atingirá a tauromaquia.
Mas sorte, que a tauromaquia vive sem subsídios, vive do dinheiro do público e do arrojo dos empresários que arriscam na montagem dos cartéis, ao invés de por exemplo o cinema receber subsídios para determinados filmes que no final não recolhem cem euros de bilheteira, mas isso é outra história.
Todos sabemos que o toiro bravo vive como um rei, nenhum outro animal no reino consegue viver com um décimo das suas condições de vida; isto custa dinheiro, muito dinheiro; mas certamente que o ganadeiro de bravo vai continuar com a sua paixão com ou sem ajudas. Mas…
França é um caso de estudo na defesa, promoção e salvaguarda dos direitos dos aficionados através do Observatório Taurino, organismo que levou mais de uma década a criar, e que engloba, todos os organismos e associações relacionadas com a tauromaquia, isto, permite aos aficionados Franceses estarem “descansados” relativamente aos seus direitos de desfrutarem livremente de um espectáculo cultural amparado por lei. Em Espanha, onde as investidas contra a festa também são constantes, e onde a falta de organização na sua defesa também é uma evidência, saiu recentemente a notícia de que a “Fundacion por la tauromaquia” vem colmatar essa falha. Olhando para toda a geografia taurina assistimos a ameaças constantes, mas também começamos a vislumbrar uma nova maneira de defesa da festa; mais concisa e organizada; inteligente e objectiva; uma defesa que obrigatoriamente tem que ser profissional; tanto na forma jurídica como na maneira de comunicar e de agir. Uma estrutura que nos deixe descansados como aficionados. È verdade que em França se demorou onze anos a criar essa estrutura, por cá, e como está a coisa, não nos podemos dar a esse luxo.
Em Portugal já temos o nome, é verdade, já não falta tudo: Prótoiro. Mas é preciso mais do que colocar fotos de praças cheias no facebook, e mostrar que as corridas televisionadas tiveram elevada audiência; é preciso ter um sítio de internet actual e moderno, é preciso traduzir, editar e distribuir, como em tempos foi dito em entrevista; o livro “50 Razones para defender una corrida de toros” de Francis Wolff; é preciso fazer pressão sobre os grupos de decisão e de comunicação; estar atento às investidas por parte dos partidos com assento parlamentar, assim como também a nível local. È necessário chegar às pessoas e mostrar aquilo que é a tauromaquia, abrir as portas ao Mundo. È preciso defender os aficionados dos atropelos á liberdade como o que todas as quintas-feiras acontece quando há corrida no Campo Pequeno, pois uma insistente manifestação de trinta pessoas a insultar milhares não é uma manifestação mas sim uma provocação; juro que tentei como aficionado até junto das autoridades terminar com tal abuso; mas o que consegui foi apenas recuarem uns metros para trás, isto só para dizer, que o trabalho que há para fazer e sobretudo para defender, não é trabalho para uma pessoa, mas sim para todos os aficionados e agentes da festa, é urgente que nos sentamos á mesa para com estoicismo e valentia possamos bater o pé a essa gente e organizar a defesa dos nossos direitos de aficionados e que daí possa surgir essa força de união que até se pode chamar PRÒTOIRO.