A primeira das duas corridas da denominada Feira Taurina de São Mateus em Elvas, realizou-se no passado sábado, 21 de Setembro. Marcos Bastinhas em solitário perante um curro de toiros de várias ganadarias e encastes.
Todos sabemos, pelo menos aqueles um pouco mais aficionados ou interessados, que uma "encerrona" chega quando um artista está sobejamente preparado e, num momento alto da sua carreira e vida em todos os sentidos. Também todos sabemos que Marcos Bsstinhas cumpre alguns destes pressupostos, mas também todos sabemos que a finalidade e o desafio de tamanha façanha tinha como fim homenagear da melhor forma possível o seu saudoso Pai, Joaquim Bastinhas.
Pese embora as normais reticências de alguns, a corrida foi tratada ao pormenor como um verdadeiro acontecimento e resultou em pleno: Casa cheia e triunfos que fizeram história. Apenas uma ressalva na escolha da ordem de lide das ganadarias, se as duas primeiras tivessem fechado a corrida, meus senhores! E não era difícil, bastava olhar aos encastes de cada uma, mas isto é apenas um pormenor.
Sem ser maçador com a descrição das lides poderemos começar por dizer que o lote de ganadarias foi bem escolhido, apesar de díspares de apresentação com seiscentos e catorze do Romão Tenório aos quatrocentos e trinta do Passanha e do de Varela Crujo, a variedade de encastes expressou bem os comportamentos de cada um, e deixou também mais uma vez bem claro, para público e artistas, que os toiros verdadeiramente bravos e que transmitem emoção são os que dão os triunfos verdadeiros e que fazem levantar o público das bancadas. Bastinhas, que tinha tarefa árdua, e "noite longa" soube com inteligência e toreria lidar de forma diferente, correcta e inteligente cada um dos toiros.
Abriu com um Veiga Teixeira que permitiu logo iniciar a corrida com ar de triunfo, uma lide brindada aos céus, e foi uma lide à Bastinhas, rubricada com o tradicional par de bandarilhas e apeando-se nos médios para receber a ovação do público.
O segundo da ganadaria de Murteira Grave foi premiado com volta para a Ganadeira, um toiro de bandeira, que investia de largo e de todos os terrenos, cites de praça à praça, ferros de arrepiar e um triunfo para recordar e para a história. Os dois toiros lidados em terceiro e quarto lugar das ganadarias Romão Tenório e Passanha, ambas de encaste Murube permitiram lides mais pausadas, de investidas mais suaves, Marcos esteve por cima dos seus oponentes e lidou com alegria estes dois astados.
O quinto da noite da ganadaria de Varela Crujo, tinha arreões de manso, mas acometia aos cites de largo e serviu para tanto Marcos Bastinhas como Tiago Pamplona, que actuava de sobressalente e foi convidado por Marcos para a lide do quinto da noite, bons ferros de ambos, numa actuação que resultou.
O sexto toiro da noite pertencia à ganadaria de Rodolfo André Proença e saiu a pedir contas, Marcos cravou-lhe o primeiro ferro comprido em sorte de gaiola, bons ferros e boa lide.
Como forma de agradecimento ao público e para redondear a noite de glória, o jovem cavaleiro elvense quis oferecer e lidar o toiro sobrero, que como o anterior pertencia também à ganadaria de Rodolfo André Proença, uma lide que serviu para Bastinhas terminar a noite em plano triunfal, um acontecimento que levou a assinatura da casa, como não podia deixar de ser, cravando dois bons pares de bandarilhas.
Para as pegas também um grande desafio do grupo da terra, Forcados Académicos de Elvas, que fardou antigos e actuais elementos e que se encerravam em solitário com seis, que viriam a ser, sete toiros, noite de triunfo com cinco pegas à primeira tentativa e duas à terceira. Foram caras: Paulo Barradas, Tomás Silva, João Pedro Restolho, João Bandeiras e os três irmãos Machado , Luís (Cabo) Gonçalo e António.
A corrida foi bem dirigida por Marco Gomes coadjuvado pelo Médico Veterinário José Miguel Guerra, e abrilhantada por duas Bandas Filarmónicas, a Banda 14 de Janeiro de Elvas e a Banda do Samouco.
Na volta do sexto toiro foi oferecida a Marcos Bastinhas uma faixa que dizia : "Coliseu Joaquim Bastinhas" uma petição que decorre também em forma de abaixo assinado para que o Coliseu Elvense se passe a chamar o nome deste filho da Terra que tão bem soube levar por todo o mundo o nome da sua cidade. Se os políticos tivessem só um pouquinho da coragem dos toureiros isto já era uma realidade, assim…
E assim foi uma noite que terminou em apoteose, com Marcos Bastinhas a dar uma merecida volta em ombros!
Olé Bastinhas!