A muleta, tal como ficou dito no artigo de há quinze dias, é uma ferramenta composta por um pano de flanela ou de lã, um estaquilhador e uma espada. Durante a lide é utilizada uma “espada” simulada, em alumínio, que é bem mais leve do que seria uma espada em aço, apenas usada para a sorte de matar.
Com a muleta, pode tourear-se pelo lado esquerdo ou pelo direito, aliás os toiros de uma maneira geral não têm investidas iguais por ambos os lados. Uns passam melhor pela direita, outros pela esquerda e aí está o sentir do artista, em saber porque lado há-de ser melhor toureado o morlaco.
Quando se toureia pela direita, usa-se a muleta montada na sua totalidade: muleta propriamente dita, estaquilhador e ajuda – a tal espada simulada assim se designa.
Pela esquerda, apenas se usa a muleta com o estaquilhador pelo que a sua superfície é muito mais pequena, logo o perigo está muito mais presente quando se efectuam naturais do que quando se toureia por derechasos.
Começaremos por dois passes dos quais não há exemplos em vídeo, ou se há, a minha habilidade não deu para os encontrar.
Trata-se de dois passes inventados por toureiros portugueses, – a diamantinina, cujo criador foi Diamantino Viseu, o nosso primeiro matador de toiros e – a dossantina, criada por Manuel dos Santos, figura maior do mundo taurino. No “site” Touradas, temos a descrição de ambos os passes mas a única referência figurativa que encontrei, foi uma medalha com a imagem de Manuel dos Santos executando uma dossantina.
Como são os mais intuitivos e os primeiros que um matador faz quando se encontra com o toiro depois do tércio de bandarilhas, aqui fica a imagem de um toureiro a tourear pela direita, por derechasos, com a muleta completamente armada e vê-se como agarra o estaquilhador e a ajuda ao mesmo tempo.
De um modo geral o toiro deve investir para a pança da moleta, isto é, para o meio, mas quando o artista não está confiado, usa o truque de citar o toiro com o bico que a espada faz, assim o toiro passa mais longe e há menos perigo.
Como não vi a possibilidade de fazer com a muleta, o que fiz com o capote, e por isso peço desculpa, mostro-vos uma lide completa, qual bailado, indo desde o toureio de capote, à sorte de picar, com o picador e os dois “mono sábios”, assim se chama aos “ajudantes” do picador, a sorte de bandarilhas muito bem executada e uma faena de muleta completíssima, premiada com uma orelha.
Aqui podem apreciar a diferença entre o toureio com o capote com bonitas verónicas, depois pela direita com a muleta completamente armada e onde até aparece uma dossantina, pela esquerda vêem-se naturais bem bordados, longos com o matador girando bem o pulso e rematados com passes de peito. Na sorte de matar é eficaz.
Não são de admirar os elogios a um matador como este, afinal trata-se de Manzanares.
Alguns exemplos de bem tourear. Inicia lanceando à verónica. A iniciar a faena de muleta, uma dossantina, seguindo-se um passe por alto. Depois por derechasos bem bonitos, mau grado o vento que se fazia sentir. Ao natural, logo toureia-se pela esquerda, só segurando o estaquilhador.
Com um abraço amigo, até daqui a quinze dias.
Saudações taurinas.