Para a tradicional corrida mista da feira da Moita, tivemos para o toureio a cavalo João Ribeiro Telles e para o toureio apeado António Ferrera e Ginés Marin.
Os toiros eram de David Ribeiro Telles com encaste de Pinto Barreiros e Parladé (Domec).
Para pegar os destinados à lide a cavalo estavam os Forcados Amadores da Moita, de Pedro Raposo.
A noite esteve fria e ventosa pouco convidativa para ver um espectáculo ao ar livre, mas no interior da Daniel do Nascimento o clima aqueceu, especialmente na segunda parte, com boas actuações dos artistas envolvidos, meia casa estaria preenchida pelo público moitense.
Na primeira parte os toiros saíram chochos e mansotes, os da lide apeada feios de tipo e fracos de comportamento.
Uma praça com a importância da Moita merecia animais melhor apresentados.
João Ribeiro Telles abriu a sua lide com dois compridos sem grandes primores, destaque para o segundo curto com suavidade e em todo o alto, de resto nas sortes em que mais provocava a investida do toiro carregava muito o quarteio e as reuniões não resultavam perfeitas, sendo algumas a cilhas passadas ou como no último ferro, à garupa.
Pegou este toiro David Solo que esteve bem a citar e a recuar, tendo consumado a pega à primeira tentativa, bem ajudado pelo grupo.
Volta para cavaleiro e forcado.
No seu segundo, primeiro da segunda parte, tudo melhorou. Este toiro tinha um melhor comportamento, com muita pata e muito recorrido, tendo-lhe pregado um susto com uma escorregadela do cavalo no terreno revolvido da praça.
A lide começou com dois ferros à tira sem história mas com trabalho, o toureiro foi construindo uma lide que embora com sortes feitas com velocidade a mais, não cuidando das reuniões, uma boa parte delas tendo sido efectuadas a cilhas passadas, ainda assim resultou muito emotiva e até com ferros de recurso chegou forte ao público.
Fábio Silva na primeira tentativa não consegue uma reunião perfeita porque escorrega na altura em que reúne e é desfeiteado mas na segunda, com uma excelente intervenção de Lúcio Rodrigues, primeiro-ajuda, conseguiu ficar bem colocado.
Duas voltas para cavaleiro e forcado da cara, tendo na primeira sido acompanhados pelo ajuda e pelos campinos.
No que à parte apeada diz respeito, a primeira parte dispensava-se. Os toiros eram feios e com um comportamento também de deixar a desejar. Ferrera, com mais ofício, tentou tirar água dum poço onde pouca havia. Viram-se algumas tandas mais conseguidas mas toda a gente esperava mais.
Durante a faena pedia insistentemente para que a banda tocasse, até que por fim, o director lá lhe fez a vontade.
Como não bandarilhou e deixou essa sua especialidade a cargo dos subalternos que não tinham muito jeito para a coisa, logo aí uma parte do espectáculo ficou amputada.
Volta para o matador.
Não há quinto mau! Pois é. Foi melhor que o segundo mas sem deslumbrar.
Aqui já se viu outro Ferrera. Disposto a lutar e a ser suave quando era necessário. Uma faena pouco artística mas muito trabalhosa.
O toiro foi recebido com duas largas afaroladas de joelhos em terra e seguiu por verónicas descansadas até ao tércio de bandarilhas, mais uma vez cumprido pelos bandarilheiros.
Com a muleta mostrou-se lutador enquanto o toiro deu, quer com naturais rematados com passe de peito, quer com derechasos rematados com passes por alto. A faena resultou composta onde ainda se viram dossantinas e trincheirasos. O público gostou e brindou-o com três voltas à arena, o que lhe valeu sair em ombros pela porta grande, facto que já não é novo para si nesta terra que tanto o acarinha desde o tempo em que, ainda novilheiro, por cá viveu.
Ginés Marin, apresentava-se de montera na mão. No seu primeiro toiro também não teve a sorte pelo seu lado. O hastado passava mal pela esquerda, dando tarrascadas em tudo e saindo descomposto dos lances de muleta. O toureiro bem tentava mas não havia grande coisa a fazer, dá lances como pode e termina simulando a estocada.
No que encerrou a noite esteve melhor, recebendo o seu oponente à verónica, rematada com meia. O tércio de bandarilhas deve ter sido o melhor da noite, cumprido igualmente pelos bandarilheiros. Com a flanela na mão, mostrou que é artista com passes por ambos os lados, começando com passes por alto de joelhos no chão. Bonito!
No centro da arena esforça-se e deixa boa nota num par de tandas de derechasos, rematados com um mulinete e pela esquerda, com remates diversos. Bonitas, duas dussantinas terminando uma série pela direita.
Viu-se com agrado mas nada que justificasse duas voltas à arena.
O espectáculo teve como director Fábio Costa, assessorado pelo veterinário Carlos Santos.