Não sou saudosista, daqueles que dizem e repetem à exaustão, “no meu tempo é que era, ou antes é que era bom”!
Mas é um facto que só ultimamente é que assistimos a uma avalanche de indultos concedidos, uns merecidos, outros não…
Vem isto a propósito do excessivo número de indultos recentemente atribuídos nas arenas espanholas, muitos sem grandes critérios por parte dos presidentes das corridas, atendendo mais à pressão de alguns matadores, do próprio público imbuído de entusiasmo fácil, e atendendo menos à qualidade da lide, à bravura e outras características dos toiros lidados!
Banalizou-se bastante esta distinção/ prerrogativa para o toiro, salvando-lhe a vida e destinando-o a prosseguir a linhagem.
Já agora, recordando o que diz o Real Decreto 145/1996, de 2 de Fevereiro/Reglamento de Espectáculos Taurinos de Espanha (Capitulo IV, artigo 83, número 1, actualização de 06/10/2001):
En las plazas de primera y segunda categoria, cuando una res por su trapio y excelente comportamiento en todas las fases de la Lídia, sin excepción, sea merecedora del indulto (…), el Presidente podrá concederlo cuando concurran las siguientes circunstancias: que sea solicitado mayoritariamente por el público, que lo solicite expressamente el diestro a quien haya correspondido la res y, por último, que muestre su conformidade el ganadero o mayoral de la ganaderia a la que pertenezca.
E reforça que a aplicação desta distinção deve ser muito rigorosa.
Hoje observamos que se tornou prática quase corrente, o não cumprimento destes preceitos, alargando a concessão do indulto em qualquer praça independentemente da sua categoria.
Mas há excepções e ainda bem! Lembro aquela tarde mágica de 16 de Abril de 2018, vivida na Real Maestranza de Sevilla em que o toiro encastado de Garcigrande, mostrou toda a sua bravura nos três tércios.
A inesgotável nobreza como respondeu aos lances de capote, o ímpeto como arremeteu na sorte de varas, a beleza da sorte de banderillas, a humilhação e a forma sempre pronta e fácil como respondeu aos muletazos do maestro El Juli, permitiram que o mesmo pudesse exibir toda a sua arte, numa obra magistral cheia de beleza com passes que não tinham fim.
Resultado…toda a praça de pé, pedindo o seu indulto, sentia-se a comoção que pairava no ar, vivia-se um tempo único de comunhão de vontades, lenços esvoaçando nas mãos de milhares de aficionados presentes no coso sevillano, e o final previsto foi a glória e a liberdade para Orgullito o nome daquele toiro que mereceu viver!
Como testemunha ao vivo do acontecimento, refiro com muita satisfação o grande êxito do nosso Juanito no passado sábado na praça de Zafra, actuando com os consagrados Morante de la Puebla e Roca Rey, em que após uma memorável faena conseguiu a concessão do indulto para o toiro Luminito de Álvaro Nuñez e a merecida consagração saindo em ombros juntamente com o diestro peruano. Este é o momento certo para prosseguir rumo ao êxito que todos desejamos!
Outro apontamento das “sombras” que não consigo entender, é a excessiva atribuição de troféus (rabo e orelhas) aos rejoneadores e em casos esporádicos, aos cavaleiros portugueses actuando em Espanha, seja a pedido dos assistentes à corrida ou por critério da direcção da mesma, isto comparativamente face aos matadores de toiros, a quem é muito mais difícil a obtenção dos mesmos.
Observam-se critérios díspares, e muitas vezes injustos, o que não abona em nada a equidade que deve ser observada na tauromaquia.
No nosso País e nas nossas praças, vemos muitas vezes a banalização do prémio das voltas à arena para todos os artistas, muitas vezes sem uma lide que justifique a sua concessão, o mérito devia ser um imperativo prioritário, e a Festa só teria a ganhar com isso.
De luzes e sombras povoa-se a tauromaquia do nosso tempo.
Como luzes refira-se a imensidão de festejos taurinos neste ano pós-pandémico no nosso país e no mundo taurino, e muito particularmente o enorme êxito que significou a Fêra da minha terra Barrancos, pela grande afluência de público e qualidade das corridas de toiros.
Distinguiria como sombras o acto condenável perpetrado na Póvoa de Varzim, onde os demolidores de praças, quais bárbaros que vieram do norte (a exemplo dos vikings nas suas razias nas costas peninsulares) carregaram todo o seu simbolismo negativista em termos de futuro.
Arrasaram a praça de toiros (é mais um pedaço do nosso património que perdemos!), ficando patente a passividade com que aceitámos (poveiros e demais aficionados) a inoperância dos tribunais e as suas nefastas decisões.
Ficámos todos de braços cruzados aguardando os acontecimentos, e não lutando como era urgente.
Registamos com mágoa o recente desaparecimento do nosso convívio de um bom amigo e empenhado aficionado, o Dr. Rui Casqueiro, presidente da Tertúlia Festa Brava, a quem prestamos homenagem pela sua firme e intransigente defesa dos valores taurinos. Deixem-me ser optimista, porque entre luzes e sombras a tauromaquia resistirá!
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