Nossa Senhora da Assunção passeou pela arena e benzeu as velas, os aficionados e a nossa tradição maior: a tauromaquia!
Na senda dos êxitos das últimas temporadas, a ganadaria Castro ajudou muito ao espetáculo. Em seis, um ou outro a menos e três toiros muito interessantes, sendo o segundo extraordinário (como não se chama o ganadeiro num toiro de codicia infinita, que investiu sem querenças, sempre pronto para a luta, nobre até dizer chega e que mesmo estoirado fisicamente fechava a boca e investia da mesma maneira e com a mesma bravura e raça?). Êxito ganadeiro de Fernandes de Castro.
Noite em bom plano de Luís Rouxinol. Esteve bem em ambos, entendeu o que tinha por diante, com facilidade deu a volta às poucas dificuldades, mas faltou redondear (o que lhe é sempre exigido pelo patamar a que chegou). Melhor no seu primeiro foi mais uma boa passagem do recordista de actuações em Messejana…o verdadeiro toureiro da casa!
Vítor Ribeiro assinou duas grandes actuações sendo o que melhor esteve, no global. Está muito confiado, muito dentro do seu registo típico de frontalidade, domínio e firmeza na cravagem. Isto, associado ao extraordinário segundo da ordem que lhe tocou em sorte, colocou-o no patamar de triunfo maior na sua primeira actuação, pela ligação, pela capacidade de tirar partido e pela consistência. No seu segundo esteve mais operário e laborioso tendo também dado a volta com maestria a um exigente Castro. Bem montado é já um triunfador no seu regresso.
Filipe Gonçalves tem um triunfo popular e forte no seu primeiro (sobrero), sempre com domínio da execução das sortes, num toiro que havia que cuidar e evitar que se chegasse a tabuas. Ora com a brega ora com um cuidado dos avisos da quadrilha, conseguiu ter sempre sitio nas sortes executadas de frente, reuniu em curto e a cravar de alto a baixo. Rematou vistoso e chegou muito à bancada, com sobriedade, consistência e actuação redonda a recordar o melhor Felipe. No seu segundo andou irregular, nem sempre esteve por cima do toiro, sem comprometer resolveu a papeleta e saiu de forma asseada.
Nas pegas esteve mais consistente o Grupo de Beja,venceu o prémio em disputa para o melhor Grupo em Praça, com três pegas à 1ª sem problemas de maior e sem que os caras complicassem e com o lote mais suave, mas nem sempre bem. Foram solistas Francisco Patanita, Mauro Lança e Guilherme Santos.
O Grupo de Cascais teve por diante o lote mais poderoso fisicamente, mas que não complicava em demasia. Menos bem os caras a trazer os dois primeiros toiros nas viagens (pediam mais toreria a trazer e a receber) obrigaram a que a coesão de Grupo resolvesse bem a papeleta. Foram solistas Ventura Doroteia (3ª) e João Galamba(2ª). Carlos Dias foi o cara de um pegão enorme ao quinto à 1ª, fez tudo bem feito e foi ajudado com coesão – "a pega da noite".
Quanto aos prémios em disputa o Júri composto por Paulo Capela, Nelson Lampreia e Solange Pinto decidiu atribuir ex-aequo o prémio para melhor lide (atenção: melhor lide) às primeiras de Ribeiro e Gonçalves, entendeu serem ambas merecedoras e que seria injusto excluir alguma (apesar de distintas). O público concordou e aplaudiu a decisão. Fica para o futuro a hipótese de passar a atribuir esta distinção ao melhor cavaleiro em praça, ao invés da melhor lide, desde que actue em pelo menos dois toiros, talvez se torne mais consistente a atribuição e até justa. Tal como já se faz, e bem, para o melhor Grupo em Praça em vez da melhor pega. Fica a dica…