A exposição “Não vejo nada”, do artista espanhol Santiago Morilla, vai ser inaugurada na quarta-feira, dia 4 de março, e estará patente até 31 de março, das 10h às 12h30 e entre as 14h e as 17h, na Igreja de Santiago, na vila medieval de Monsaraz. Esta mostra é organizada pela Associação Aspas e Parênteses com o apoio do Município de Reguengos de Monsaraz e integra a programação da Trienal no Alentejo e o ciclo de exposições Monsaraz Museu Aberto.
“Não vejo nada” foram as últimas palavras pronunciadas pelo famoso toureiro Manolete, antes de sangrar até à morte ao sofrer o golpe desferido pelo touro “Islero”, na praça de Linares, a 28 de agosto de 1947. Inspirado nestas palavras, Santiago Morilla efetuou no ano passado uma intervenção na Praça de Armas do Castelo de Monsaraz durante a tradicional garraiada popular que terminou com a morte de um touro na arena (autorizada pela Inspeção Geral das Atividades Culturais), nas Festas em Honra de Nosso Senhor Jesus dos Passos.
A intervenção consistiu no desenho em cal branca do rosto “impassível” do toureiro espanhol no chão da arena do castelo e na documentação em vídeo e em fotografia das metamorfoses provocadas pelas movimentações dos animais e das pessoas no decorrer da garraiada, apagando a imagem até à sua completa desfiguração no cenário real e simbólico de uma dupla morte, a de Manolete e a do toiro. A deformação progressiva da imagem foi documentada do alto da Torre de Menagem do Castelo de Monsaraz de forma a captar todo o processo de destruição da obra.
“Não vejo nada” é o culminar do projeto em fotografia e vídeo com a sua apresentação em Monsaraz e refletem a aposta do autor num “projeto de carater efémero que privilegia o olhar artístico sobre um espaço representativo da identidade regional alentejana”.