No momento em que atingimos o pico da temporada, e olhando para aquilo que de mais significativo e importante se passou; a uma evidência já podemos chegar: È que esta temporada taurina fica indubitavelmente marcada pelo ressurgimento do toureio a pé em Portugal (corridas mistas); pela aposta arrojada, principalmente das empresas mais importantes como é o caso da Empresa que leva os destinos do Campo Pequeno, em trazer as principais figuras de Espanha; pelos resultados alcançados, e como foi também agora a grande aposta (da Empresa á frente dos destinos da praça de Salvaterra de Magos). Julgo, que mais que a aposta e vontade de fazer ressurgir o toureio a pé em Portugal, está a falta de figuras do toureio Portuguesas (tanto a pé como a cavalo) que levem o aficionado á bilheteira; e se por cá não há…temos que importar; convictos de que o toureio não tem fronteiras nem complexos, e que os resultados são animadores, vamos em frente!
Debrucemo-nos agora sobre Salvaterra, um desses exemplos de que falamos: zona aficionada, praça com história e carisma, e resultados desanimadores das últimas temporadas. A aposta do novo Empresário Rafael Vilhais levou-o a logo em inicio de temporada a “apostar tudo no vermelho” o resultado chegou com a aposta ganha, tanto em termos de público, como em termos artísticos da corrida de sexta-feira passada.
Os ares de acontecimento rodaram á volta do Peruano Andrés Roca Rey, que não só em Salvaterra como em toda a geografia taurina que tem pisado, triunfa e enche! Foi assim também nesta praça e neste dia, onde a história tem peso, e o aficionado se tem esquecido disso; Roca Rey, e o seu toureio á “espanhola” abanaram a alma de uma praça e de um sítio, onde a história ou a lenda são encantadoras. Os toiros lidados pelo Peruano (pela primeira vez em praça) da ganadaria Alentejana de Murteira Grave, não foram, como os da tal corrida Real onde o Conde dos Arcos perdeu a vida “ de armas compridas e reviradas nas pontas, pernas delgadas e nervosas, indícios de grande ligeireza, e movimentos rápidos e bruscos, sinal de força prodigiosa…” Serviram sim os de Grave para com a nobreza das suas investidas o jovem toureiro bordasse o seu toureio encantador de almas, e mostrasse até, o seu característico tremendismo também; uma volta no primeiro, duas no segundo e saída em ombros.
Neste dia a arte de Marialva marcou presença pelo Cavaleiro Rui Fernandes que pese embora ter triunfado, sentiu também o sabor da desglória que marca esta arena, por motivo do susto que apanhou. Honra também neste dia para este Cavaleiro.
Ana Batista deixa sempre com a sua presença em praça, um ingrediente “esquisito”, na sua terra ainda mais, sempre com verdade, mas sobretudo com enorme classe a andar a cavalo, honrou também essa nobre arte de Marialva.
O misto dos toureios e das artes Ibéricas nesta noite histórica, foram também beneficiados pelos Forcados de Montemor e Alcochete, e pelas suas pegas.
Assim, foi esta noite histórica, para todos os estilos e expressões da arte de tourear, a pé e a cavalo.
Lembro outra vez a lenda: “ A bizarria com que percorreu a praça, domando sem esforço o fogoso corcel, arrancou prolongadas e repetidos aplausos, na terceira volta, obrigando o cavalo quase a ajoelhar-se diante de um camarote, fez que uma dama escondesse turvada no lenço as rosas vivíssimas do seu rosto…” Hoje, as damas são mais atrevidas, utilizando as expressões alegres do “seu rosto” para centenas de selfies com o seu REY.