Mais uma vez a Associação Tauromáquica Alcaçovense promoveu a FESTA, organizando um espetáculo de Variedades Taurinas, onde foi dada oportunidade aqueles que pretendem no futuro ser alguém no mundo dos toiros. Nunca é de mais enaltecer este esforço que é feito por um grupo de aficionados que se substituem às Empresas, sendo que elas têm muito mais responsabilidades, mas infelizmente montam poucos espetáculos deste tipo. Tarde de sol, temperatura não muito elevada, e uma entrada razoável de público, com predominância de muita juventude. Cartel composto quase por inteiro com toureio a cavalo; atuou pelo meio um novilheiro, com a maioria deles familiares de cavaleiros já retirados ou em atividade. No cômputo geral todos deram o que sabiam e podiam, denotando-se estados diversos no que diz respeito ao seu toureio e bases de equitação, sendo por isso normal acontecerem os inevitáveis toques nas montadas, os ferros descaídos ou até falhados. O elemento fundamental da festa, o Toiro, neste caso novilhos calibraram as atuações de cada um, e por falar dos hastados, temos também de destacar a generosidade dos ganadeiros, pois sem ela este tipo de espetáculos tornam-se ainda mais difíceis de organizar.
Abriu o festejo a jovem cavaleira CLÁUDIA ALMEIDA, a única praticante do cartel, que lidou um novilho da ganadaria de Silva Herculano, pequenote e com pouca força. Foi uma lide de altos e baixos, em que depois de sentir algumas dificuldades com a ferragem comprida, recompôs-se e deixou agradáveis ferros curtos, onde destaco o quarto. Terminou com um par de bandarilhas, que apesar de deficiente colocação agradou ao público presente.
FRANCISCO CORREIA LOPES filho do antigo cavaleiro e famoso equitador Correia Lopes, lidou um exemplar da ganadaria Santiago, de córnea feia e deficiente. Mais uma lide intermitente, onde foi patente a velocidade a mais na altura da cravagem dos ferros compridos e também dificuldades com a montada. Depois já com outro cavalo as coisas melhoraram, viram-se apontamentos de boa brega e boas maneiras a montar, a única pecha terá sido as muitas passagens em falso e consequentes indecisões no momento de cravar a ferragem curta.
FRANSCISCO NÚNCIOfilho do cavaleiro com o mesmo nome e bisneto do Califa de Alcácer, lidou um novilho bem apresentado com o ferro e divisa familiar de Branco Núncio, que revelou codicia e boas condições de lide. O jovem ginete teve uma atuação correta dentro do seu conceito de toureio clássico, bregando bem, mostrando-se e dobrando-se. Consentiu alguns toques com a ferragem comprida, fruto da investida do cornúpeto, que por isso levou uma autêntica tareia de capote pelo bandarilheiro de serviço. Trocou a montada e a lide foi em crescendo, com ferros curtos de frente, levantando a mão e cravados em su sitio.
A parte apeada do espetáculo coube ao jovem SÉRGIO NUNES, aluno da Escola de Toureio do Campo Pequeno; tocou-lhe lidar um gordo novilho, cubeto de córnea, pertencente ao ganadeiro Jorge de Carvalho. Com o capote lanceou à verónica e por chicuelinas, com razoáveis apontamentos. Deixou três pares de bandarilhas a quarteio, com destaque para o segundo. A faena de muleta foi quase toda ela feita à base de naturais, pois era o melhor lado do novilho, que humilhava pouco e que começou a desinteressar-se da flanela e a procurar as tábuas. Aí nesses terrenos ainda tentou alguns passes mas sem sequência.
A dinastia Brito Paes fez-se representar pelo jovem JOAQUIM BRITO PAES que lidou o quinto da tarde, um novilho de escassa apresentação, também da ganadaria da família Brito Paes. Toureio alegre, com conexão às bancadas, deste jovem cavaleiro que mostrou boas maneiras, apenas pecando na hora de cravar.
BERNARDO SALVADORfilho dessa figura do toureio a cavalo que é Rui Salvador, teve uma tarde infeliz, muito por culpa do novilho que lhe saiu, um exemplar pequenote e com um defeito morfológico, e que pertencia à prestigiada ganadaria Passanha, que revelou mansidão ao longo da lide. O ginete sentiu muitas dificuldades, quer com as montadas, quer com o novilho, que prontamente descaia para tábuas, sendo necessário recorrer-se ao auxilio do bandarilheiro para a sua colocação em sorte. O desalento era visível no rosto do jovem amador, ao qual o público resolveu dar ânimo tributando-lhe fortes aplausos.
Encerrou o festejo mais outro jovem cavaleiro da dinastia Núncio, o ANTÓNIO NÚNCIO, irmão do cavaleiro que tinha atuado anteriormente; apesar de ser a última atuação, foi o primeiro numa escala de valores. Lidou um bonito novilho de apresentação, um castanho claro, com a divisa verde, amarela e azul da ganadaria de Jorge Mendes, que cumpriu bastante bem. Foi uma lide muito completa, fazendo as coisas bem-feitas, quer a bregar, quer a escolher terrenos, e depois a cravar de frente e com mão certeira. Denotou também bom domínio das montadas e chegou facilmente às bancadas.
No capitulo das pegas atuaram dois dos mais prestigiados grupos de forcados, os Amadores de Montemor e os Amadores de Évora, que aproveitaram também esta oportunidade para lançarem jovens forcados. Foram caras pelos primeiros VASCO CAROLINO, e os irmãos ANTÓNIO E MIGUEL CECILIO. Pelo grupo de Évora pegaram SÉRGIO GODINHO, JOÃO SALGADO E AFONSO MATA.
Dirigiu o espetáculo o Delegado do IGAC Sr. Tiago Tavares, assessorado pelo médico- veterinário Dr. Feliciano Reis.