
Tinha pensado falar dos indultos nas praças de toiros, tão generosamente concedidos no ano transacto, da sua razão ou não, mas temas mais candentes levam-me a deixá-lo para um próximo artigo.
Vamos ser claros, vivemos num País do faz de conta!
Sentimos que a segurança, a vivência democrática e a paz em que temos vivido em Portugal estão em perigo, vemos tempos de intolerância no horizonte, com governantes divorciados da realidade, com compadrios e corrupção a ameaçar-nos, atingindo quem nos deveria defender, continua-se a injectar dinheiro nos bancos em vez de os penalizar, a saúde está uma desgraça e ninguém é responsável, vemos a divida pública subir assustadoramente, entre outros problemas.
Sinais evidentes de degradação social que nos deveriam preocupar seriamente, mas claro que para quem governa o problema é apenas a tauromaquia, somos sempre o mau da fita!
Então e os políticos/ deputados que tanto diziam gostar do mundo do toiro, que tanto se afirmavam taurinos, que ganharam protagonismo á custa desta cultura, onde estavam no Dia da Tauromaquia?
Se calhar estavam envergonhados por terem votado a subida do IVA das touradas, obedecendo á ordem do Chefe do Governo, que nunca tinha perdoado o deslize que os mesmos tinham cometido no ano passado, verticalidade, onde paras?
Honra a homens que deram a cara e disseram presente, como Manuel Alegre, João Soares, ou Elísio Summavielle entre outros, por sinal socialistas, mas homens de palavra e de convicções bem firmes.
Não queremos que o Dia da Tauromaquia tenha sido o “Canto do Cisne” do Campo Pequeno, e por arrastamento da nossa tauromaquia.
Depois da comunhão que foi este dia épico, em que aficionados, toureiros, cavaleiros, forcados e demais agentes da Festa juntamente com as famílias, com os jovens e as crianças que são futuro da arte tauromáquica em Portugal, se deram as mãos e viveram uma jornada empolgante, cheia de vivências e sentimentos á flor da pele, de sensações de pertença a esta arte e a esta cultura que nos une, maior é a responsabilidade de todos nós, assume uma grandeza incomparável e obriga-nos a deixar para trás o marasmo que nos tem manietado.
A partir daqui a não podemos ficar á espera da compreensão daqueles que simplesmente querem acabar connosco, o seu fanatismo não tem remédio, e o respeito pelas diferenças culturais não é apanágio desta gente.
Deixemos de ter ilusões, temos que defender o Campo Pequeno, enquanto capital do toureio, praça emblemática e património cultural de todos nós, que amamos a Festa de Toiros. Que diriam aqueles que a construíram, que opinariam aqueles que a reabilitaram embelezando-a e convertendo-a cada vez mais no pólo aglutinador do universo taurino nacional?
Todos os que por lá passaram, que viveram tardes de tragédia, ou de glória, merecem o nosso respeito e o nosso compromisso de que tudo vamos fazer para que não desapareça este símbolo de união entre todos os que gostam da Festa de toiros.
A Federação Portuguesa de Tauromaquia – PRÓTOIRO, enquanto entidade que coordena todos os agentes da Festa, tem que arregaçar as mangas, e gizar uma estratégia que permita ultrapassar este impasse na primeira praça de toiros do País. Tem que questionar o Poder, recorrer às instâncias judiciais, e junto á Assembleia da Republica, fazer valer o nosso direito de usufruir da cultura tauromáquica consagrada na nossa Constituição, senão onde param a democracia e os valores que nós cultivamos?
O mundo taurino conseguiu uma importante vitória, não foi aqui, mas sim no Peru, onde o Tribunal Constitucional daquele país sul-americano, perante acções de movimentos antitaurinos, mas com a devida resposta do mundo taurino local, decidiu que a tauromaquia era uma cultura a preservar, e como bem o afirmou o prémio Nobel da Literatura Mário Vargas Llosa: “Hay que celebrarlo no como un episodio local, sino como una victoria de la democracia y de la libertad contra sus tradicionales enemigos”.
E, nós por cá?
Tudo bem?
Se calhar devíamos já ter assumido posições frontais em defesa do que é nosso, se calhar já nos devíamos ter manifestado, ou aproveitado o grande Dia da Tauromaquia passado, e ter feito circular entre as milhares de pessoas presentes, uma Petição a pedir que o Presidente da Republica, o “homem dos afectos”, para algumas coisas que não para o nosso mundo taurino, também nos defendesse como parte integrante da cultura deste País!
Enfim tanta coisa que poderia já ter sido feita, e o muito que nos falta ainda fazer!
Nós estamos aqui, prontos para o combate!
P.S. – Soube agora que, hoje 04 de Março de 2020, foi lançado o concurso para a realização de corridas de toiros no Campo Pequeno e, muito no ar deixo algumas considerações:
– Não será o princípio do fim?
– Tenha-se em conta o número diminuto de corridas a efectuar (menos de metade que em 2019), e a imposição de datas pela empresa Plateia Colossal – Unipessoal, Lda.
– O exagerado custo do Concurso Público, e o início tardio da temporada, entre outros condicionantes.