Sexta-feira, Abril 25, 2025
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O mundo encantado de Graça Fonseca…

A Ministra da Cultura nunca teve grande jeito para comunicar. Muito menos para decidir. O Ministério que lidera é uma espécie de mundo encantado, no qual Graça Fonseca toma decisões ora interpretando uma activista extremista ora uma princesa de um reino (no qual poucos conseguem entrar).

Entrou em funções e a primeira intervenção foi a declaração de guerra a uma área sobre jurisdição do seu ministério: a tauromaquia.

Falou em civilização mas a verdade é que a tauromaquia continua a ser considerada cultura e Graça Fonseca quis apenas estrangular o sector, por questões ideológicas, ao invés de cortar o mal (segundo ela) pela raiz. Era mais honesto propor a proibição e faltou-lhe coragem!

Agora, decidiu transformar o Ministério numa curadoria de festival. Delegou em Júlio Isidro (sem qualquer justificação lógica ou aceitável) a escolha dos primeiros nomes do cartaz desse festival.

Foi ainda mais longe e criou um conceito em que os artistas convidam outros artistas. Portanto, amigos de amigos. A ideologia de mundo encantado da (pseudo) elite cultural, tem em Graça Fonseca a imagem mais vergonhosa.

A Ministra da Cultura deve conhecer a identidade do país. Não pode nem deve impor o seu gosto gourmet a toda a gente. Até porque maioria do povo não gosta do que a Dra. gosta.

Mas nesta situação do TV Fest, Júlio Isidro sai também muito mal visto. Se durante anos foi elogiado por dar a conhecer novos talentos ou nomes desconhecidos, nesta altura em que mais o deveria fazer, optou por apostar em nomes mainstream e que por certo estão em melhores condições financeiras do que a maioria dos seus pares. Júlio que tantas vezes vestiu a capa de super herói, agora interpreta o vilão.

Não se pode também ilibar os artistas desta palhaçada (por falar em palhaçada, em que situação ficam os artistas circenses? Ou a vida deles vale menos que a dos cantores?). Os que aceitaram olhando apenas para o seu umbigo e os (pobrezinhos e desconhecidos) que durante anos bajularam estes ídolos de pés de barro e que agora são desprezados por eles.

Mais importante do que os Tordos desta vida, são os casos de quem é obrigado a passar recibos verdes de 50 euros e com esta pandemia fica sem possibilidade de candidatura aos apoios excepcionais ou aqueles que nunca descontaram na vida mas que agora acham que devem ser premiados com o dinheiro de todos nós. O justo sofre pelo pecador!

Exemplo 1: Joaquim sempre passou recibo, sempre pagou impostos e foi correcto. Recebe 438 euros.

Exemplo 2: Maria nunca passou recibos, nunca descontou. Agora também recebe 438 euros por ser trabalhadora independente.

Acham justo? Pois claro que não.

Mas agora, esqueçam estes exemplo e imaginem o orçamento de um milhão para o TV Fest que será distribuído por 120 artistas e respectivas equipas de músicos e técnicos.

Esses 120 artistas são dos mais mediáticos em Portugal. Significa que os esquecidos continuarão como tal. Morrendo sem sabermos quem são. Provavelmente à fome e embebidos em desespero provocado por dívidas.

Não. Não estamos todos no mesmo barco. Há uns que são automaticamente afundados por um país que não é igualitário nem justo. E isto é o resultado de um Povo que se orgulha da iliteracia, que o caracteriza e que tem ao longo dos anos a imagem mais visível nos políticos que elege. Sejam de esquerda ou direita. Não pensem que a burrice tem cor política.

A nossa sobrevivência está em causa. A classe artística é incapaz de unir-se, porque além de serem muitos artistas num país pequeno há ainda que contar com os seus egos (o que duplica tudo), e tem no Ministério da Cultura um factor de desunião.

Cara Graça Fonseca, a vida humana tem o mesmo valor, independentemente de a pessoa ser cantor, toureiro, cineasta, actor, artista plástico, de circo ou variedades. Não lhe cabe a si decidir as áreas que devem ser apoiadas ou discriminadas. Cabe a si manter, viva, a cultura e identidade de um país. Mesmo que isso vá contra o seu (irrelevante) gosto pessoal.

Ao contrário da cultura milenar deste povo, que nunca será esquecida, a sua passagem por este ministério nunca será lembrada. Não tente impor um filé mignon a um povo que orgulhosamente gosta de bifanas e couratos.

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