O cavaleiro António Ribeiro Telles voltou, uma vez mais, a realizar uma temporada de qualidade, de acordo com a opinião dos aficionados que assistiram às suas actuações, destacando-se o mano-a-mano com Diego Ventura, corrida em que o cavaleiro da Torrinha alcançou um grande triunfo.
O Toureio.pt esteve à conversa com António Telles, a fim de fazer um balanço da sua temporada e a antevisão de 2019 no que diz respeito à sua carreira.
Toureio.pt (T) – Começo esta nossa conversa por lhe pedir que nos faça um balanço da sua temporada 2018…
António Ribeiro Telles (ART) – Parece-me ter sido uma temporada boa, estive nas corridas mais importantes da temporada e artisticamente as coisas correram bem, a regularidade esteve do meu lado.
Sinto que estou um toureiro menos jovem, mas mais sabedor do toureio
T – António, continua a superar-se a cada temporada. Esta foi a melhor?
ART – Foi com certeza das melhores temporadas que tive, tentei superar-me!
T – Sente que está numa das melhores fases da carreira?
ART – Sinto que estou um toureiro menos jovem, mas mais sabedor do toureio.
T – Em termos de quadra quais os grandes destaques desta temporada?
ART – Os cavalos andaram todos bem por isso é-me difícil destacar algum.
Os toiros duros e sérios também têm a sua lide
T – Esta temporada recordo-me da corrida em Alcochete onde lidou um touro sério e que pediu contas, é este tipo de touros que fazem falta às arenas para mostrar quem são os verdadeiros toureiros?
ART – Os toiros duros e sérios também têm a sua lide e a verdade é que quando podemos com eles tornamos as lides emotivas e o público entrega-se.
T – Enquanto toureiro, que tipo de touro quer ter pela frente? O touro a pedir contas e que pode dar o triunfo forte? Ou um touro mais cómodo e que pode dar apenas mais um triunfozinho?
ART – O meu pai formou-me para tourear de tudo. E a verdade é que a obrigação do toureiro é tirar partido de todo o tipo de toiros, desde o mais “pastueño” ao mais áspero.
T – Qual foi a corrida que lhe encheu as medidas? Porquê?
ART – Sem dúvida o mano a mano com o Diego Ventura, porque era uma corrida muito importante e eu fui capaz de dar toda a dimensão do meu toureio.
T – E qual foi a corrida que preferia que preferia não ter acontecido? Porquê?
ART – A primeira corrida do Campo Pequeno com o Pablo e o João Moura Caetano, toureei esta corrida com um problema de saúde e fiz um grande sacrifício, saí á praça sem inspiração e sem alegria, e isso é fundamental para se tourear bem.
T – Sem dúvida que uma das corridas que ficará marcada na memória foi o mano-a-mano com Diego Ventura, em Vila Franca de Xira…
ART – A Corrida de Vila Franca de Xira que toureei mano-a-mano com o Diego Ventura ficou a fazer parte da História da minha carreira e também da história da Palha Blanco e com modéstia á parte da história do toureio em Portugal.
T – Este ano também foi especial, pois foi o ano em que o seu Filho começou a tourear mais à séria, com várias actuações…
ART – É verdade, o meu filho toureou várias vezes a meu lado e isso também me motivou e deu-me muita alegria.
T – Como em qualquer profissão há sempre erros a corrigir, qual foi o seu maior erro nesta temporada que não irá cometer em 2019?
ART – Errar é humano e se errei peço desculpa porque não foi propositadamente.
T – Falando agora da sua quadra, como analisa o comportamento dos seus cavalos esta temporada?
ART – O Alcochete é conhecido e a verdade é que pode com a maioria dos toiros, esteve sempre pronto a dar o seu máximo, o Hibisco é um cavalo de saída é importante porque tem o papel de pôr os toiros direitos e á medida para o segundo estado, toureou muito, o Embuçado toureou este ano mais no segundo estado senti-me bem nele penso que tem margem de evolução, o Favorito deu sinal de poder ser um bom cavalo e que posso contar com ele para a próxima temporada, teve em Vila Franca de Xira uma atuação artística e bonita, o Veneno um veterano que toureou pouco, mas as vezes que toureou penso que andou bem.
O toureiro pode ter o estilo que quiser mas deve estar sempre em evolução
T – Sempre foi considerado um toureiro clássico, mas perguntava-lhe considera que ao longo dos anos tem-se reinventado, de modo a acompanhar os tempos e a acompanhar o gosto dos aficionados?
ART – O toureiro pode ter o estilo que quiser mas deve estar sempre em evolução, não devemos achar que já sabemos tudo, porque assim não se evoluí.
T – Esta temporada apostou-se na qualidade dos cartéis e principalmente na seriedade dos touros, considera que foi esta “receita” que fez com que o público fosse mais às praças?
ART – Os cartéis têm de ser rematados e com ganadarias conceituadas e em datas tradicionais, mas isso foi sempre assim não é novidade.
T – Como analisa a temporada 2018 a nível geral em Portugal?
ART – Grande temporada, o aficionado quis dar a mão á festa e dizer que é portuguesa, tem tradição e muitos anos de história, houve toureiros a arrimarem-se e a mostrarem interesse e futuro!
T – Este ano a Prótoiro lançou um cartão do aficionado, que opinião tem sobre este cartão? E sobre o trabalho desta Federação?
ART – Grande trabalho o da Prótoiro, tem defendido a festa e ao mesmo tempo tem conquistado mais aficionados.
Tenho esperança que na votação na Assembleia da República o bom senso da maioria dos deputados prevaleça
T – No Orçamento de Estado apresentado pelo Governo, há uma medida que incide nos artistas Tauromáquicos que a partir do próximo ano terão a aplicação de IVA, como vê esta medida e como vê a atuação da Associação de Toureiros nesta matéria?
ART – A situação prevista no orçamento de estado visando, creio, a abolição da isenção de IVA no serviço prestado pelos Toureiros, desde que os mesmos sejam prestados a promotores dos espetáculos, é uma discriminação feita a uma classe de artistas, neste caso Tauromáquicos.
A Associação de Toureiros Portugueses nada mais poderá fazer que insurgir-se e manifestar-se publicamente contra esta medida discriminatória.
Tenho esperança que na votação na Assembleia da República o bom senso da maioria dos deputados prevaleça e a proposta não seja aprovada.
T – No que diz respeito aos espetáculos tauromáquicos, foram discriminados negativamente, pois é o único espetáculo que não vê o IVA baixar. Em abril houve uma manifestação dos vários agentes culturais a pedir esta baixa, mas da tauromaquia ninguém marcou presença, sente que esta discriminação, também é um pouco por culpa dos agentes tauromáquicos que se fecha numa bolha?
ART – A verdade é que é uma pena, mas os agentes tauromáquicos são pouco unidos e a grande força dos Anti Taurinos é a união.
T – Bem, falando agora da sua próxima temporada, como irá ser a temporada de António Ribeiro Telles em 2019?
ART – Vou tentar fazer outra boa temporada, sinto-me com a ambição de um jovem a querer romper!
T – A equipa irá manter-se igual, nomeadamente apoderamento e bandarilheiros?
ART – Tudo igual, não sou de mudanças!
T – E no que diz respeito à quadra, como será constituída em 2019?
ART – Tenho cavalos novos, vamos ver se rompe algum.
T – Antes de passarmos a falar da Tauromaquia em Portugal, perguntava-lhe o que ainda lhe falta fazer na tauromaquia?
ART – Adorava tourear na Maestranza de Sevilha, em Las Ventas e na praça México.
T – O António, tem também um centro equestre, que está a ter grande atividade…
ART – É verdade! Aqui podem aprender a montar a cavalo e a tourear, podem fazer passeios no campo a cavalo, visitar a Eguada e a Vacada Vale Sorraia, recebemos escolas para passarem o dia no campo e fazemos também campos de férias.
Os toureiros para saberem do toureio têm de aprender com quem sabe e só assim é que um dia têm escola, acho que os críticos deveriam fazer o mesmo
T – Falando agora da imprensa, como vê a imprensa taurina actualmente?
ART – Os toureiros para saberem do toureio têm de aprender com quem sabe e só assim é que um dia têm escola, acho que os críticos deveriam fazer o mesmo e sinceramente não vejo isso, a maioria nem os conheço!
T – Considera que muitas vezes certa imprensa não diz a total verdade por receio da reação dos artistas ou outros por receio de terminarem com euros?
ART – Os críticos devem fazer uma crítica construtiva, assim ajudam os toureiros a corrigirem defeitos! Mas para que isso aconteça é preciso que o crítico saiba do toureio e seja honesto.
T – António para terminar a nossa conversa qual a mensagem que deixa aos leitores do Toureio.pt?
ART – Agradeço a todos os aficionados o carinho com que me recebem sempre que saio á praça.