Terça-feira, Março 19, 2024
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“Os novos inquisidores/versus Tauromaquia”

Parece que foi desta que nos vimos livres do Inquisidor Medina, que abominava tudo o que fosse Campo Pequeno ou Tauromaquia em Lisboa, e queremos acreditar que o alentejano de Beja, Carlos Moedas, saberá respeitar e harmonizar a vivência cultural dos habitantes da velha Olisipo.

Do seu discurso de tomada de posse como Presidente da capital, retemos uma frase que define o seu pensamento: “A modernidade faz o erro de desmerecer os rituais. De os tratar como algo do passado, anacrónico e bafiento”, acrescentando que esta ideia deve ser contrariada. Confiamos que ao contrário do radicalismo primário (já castigado nas urnas) do seu antecessor, ele saberá conjugar culturas e tradições, com as novas ideias e a modernidade, e assim assistiremos á construção de um tempo novo, em que a tolerância tenha a primazia, não cedendo a radicalismos estéreis que nada trazem de bom para o futuro da comunidade lisboeta.

Paralelamente assistimos a contínuos ataques do governo contra a Tauromaquia, agora a famigerada Lei contra a assistência de menores de 16 anos ás corridas de toiros, sem ser acompanhados pelos pais.

Na sua ofensiva contra tudo o que é taurino, e sob pressão dos partidos radicais (sou frontalmente contra qualquer tipo de radicalismo, cheira-me a ditadura encapotada) como o BE e o PAN, fazendo chantagem no caso do OE 2022, o actual governo de António Costa vende-se despudoradamente, não respeitando a essência cultural deste País. Ao que chegou o cinismo, de quem antes até assistia a corridas no Campo Pequeno!

Os quarenta municípios com actividade taurina, no seio da ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses), já protestaram contra esta gravosa e autoritária medida e exigiram o “respeito pelos direitos e liberdades das crianças e dos seus pais”, estando frontalmente contra esta decisão governamental.

Continua o autoritarismo, o autismo e a demagogia dos nossos governantes, alheando-se da gravidade do momento que vivemos, com o País extremamente endividado (somos detentores do invejável palmarés de 3ª maior divida da Europa!), acentuando-se a pobreza e as desigualdades sociais, e assistindo á subida em flecha dos preços da electricidade e dos combustíveis, sem qualquer controlo por parte do Estado.

“Lá como cá”, em Espanha o governo socialista de Pedro Sánchez continua empenhado em excluir a tauromaquia dos apoios á Cultura, em que esta se insere, caso do já famoso pela polémica que provoca, “cheque ou bono cultural” destinado aos jovens e para gastar no usufruto de bens culturais.

Mais uma medida discriminatória contra o mundo taurino, com tudo o que ele comporta e representa na sociedade do País vizinho, em termos económicos significou 4.500 Milhões de Euros do PIB, e 120 ME do IVA, e de emprego cerca de 200.000 postos de trabalho.

“Lá como cá”, os novos inquisidores dão-se a mão, parecendo os dois governos irmãos siameses, até nas políticas restritivas e anticonstitucionais face á Tauromaquia, continuando a praticar verdadeiros autos de fé anti-taurinos!

Mas nem tudo é mau, retemos a boa notícia do retorno á normalidade possível na tauromaquia da Península Ibérica e França. Vimos inúmeros espectáculos taurinos, com praça cheia, e assistimos ao despontar de um futuro “grande” do toureio, o nosso João Silva “Juanito”, principalmente nos ruedos de Espanha e Portugal.

Finalmente quero destacar pela positiva, que este foi o ano de Morante de la Puebla, o diestro excedeu as expectativas, transcendeu-se e fez uma grande temporada.

Penso que o seu regresso às origens (até pelo simbolismo que encerrou) na Feira de Barrancos em 2019, e apesar do interregno pandémico do ano passado, significou a salutar explosão artística e profissional do maestro, ficando em primeiro lugar no Escalafón Taurino em número de corridas, e a sua incondicional entrega cada tarde ao público de todas as praças!

Sem dúvida (e eu tinha muitas), até pelo seu percurso anterior em que se aguardava porfiadamente por uma grande faena e uma grande tarde, o antes chamado “Delfim” do grande Curro Romero, convenceu cabalmente.

Todo o mundo taurino espera que novamente ele se supere na próxima temporada taurina, para deleite de todos os aficionados, que sem partidarismos por este ou aquele diestro, gostam da própria essência da Festa.

“Lá como cá”, não permitiremos que os novos inquisidores, destruam a nossa Cultura!

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