Dizia um dos antigos elementos do Grupo de Portalegre (José Júlio Salgado) que se encontrava fardado na trincheira: “È bom sentir-mos que já não fazemos falta!” Uma frase pessoal que noutro contexto pareceria depreciativa; mas neste quer dizer: A valentia perdura ! E foi assim, toda esta noite de festa, e de triunfo da forcadagem Portalegrense: O primeiro brinde ao céu, certamente a recordar os que já lá estão e que honraram a jaqueta; Belacorça e Matias foram duas estrelas que brilharam ainda mais esta noite.
O silêncio foi “maestrante” na hora de “bater o pé” aos bravos de Veiga Teixeira; todas sem excepção, tanto tentativas (três) como pegas (quatro á primeira) foram de valentia, de emoção, de hino á nobre arte de pegar toiros, estes, que sempre se arrancaram e empurraram de forma arrepiante tiveram pela frente forcados de barba rija: André Neves, Alexandre Lopes, Ricardo Almeida, António Cary que brindou ao grande Amigo do grupo Dr Gomes Esteves que mesmo em noite de festa teve que intervir e mais uma vez pela triste história das bandarilhas que já fizeram vitimas neste grupo e ontem novamente com o forcado Guilherme Caldeira a sentir isso mesmo na pele. Nélson Batista é um dos grandes caras da actualidade e ontem provou mais uma vez isso mesmo executando a pega da noite; todas poderiam ter sido. Fechou o cabo com chave de ouro ao toiro mais pesado da corrida e depois de um emocionante brinde a todos os seus homens. Parabéns valentes Forcados de Portalegre!
Outro dos triunfadores da noite foi António J. Veiga Teixeira, com um grande curro de toiros; apenas o primeiro se meteu de “fava” todos os outros foram bravos, terminaram sempre em grande, arrancando-se com prontidão e bravura inclusivamente como já referimos chegaram ás pegas com investidas de cortar a respiração. Ah já me estava a esquecer, o quinto “foi de corda!” Mas só para o retirar da arena, pois na lide empregou-se com bravura.
Joaquim Bastinhas lidou a tal “fava” que abriu a corrida, ao qual o cavaleiro de Elvas depois de intermináveis voltas ao astado lá lhe conseguiu cravar alguns ferros, não deu volta. No capote investia e humilhava com classe, cavalo nem vê-lo.
Francisco Cortes levantou as bancadas e chegou ao público com uma lide alegre como é seu apanágio; arriscou bastante e deixou ferros de boa nota, ganhou o prémio em disputa para a melhor lide a cavalo que tem o nome de Cláudia Almeida e que tinha como júri o Grupo de Forcados de Portalegre.
Sónia Matias que substituía João Moura, andou um pouco irregular nos compridos, mas depois na lide dos curtos a coisa acertou e deixou bons momentos de toureio, sempre pautados pela excelente cumplicidade que tem com o respeitável.
Moura Caetano lidou com a sua habitual toureria, primeiro nos compridos com o Zidane com o qual cravou o segundo comprido citando de praça a praça, reunindo e cravando nos médios; nos curtos cravou com a elegância habitual e rematou com o Sete cravando um bom ferro de palmo.
João Maria Branco recebeu o seu oponente dobrando-se espectacularmente; agarrou logo o público e teve uma das lides que mais chegou ás bancadas; confiou-se e arriscou com um toiro que arreava bem forte; deixou ferros de boa nota e mostrou mais uma vez que vai no bom caminho.
O praticante Rui Guerra toureou o mais pesado da corrida com 620 quilos; aproveitando da melhor forma as nobres investidas desta impressionante estampa, não destoou em nada dos seus colegas de cartel já doutorados, mostrou valentia e uma enorme certeza e segurança na hora de cravar, pisou terrenos de compromisso, arriscou e as coisas saíram-lhe bem, este é o caminho!
O público encheu em quase três quartos a praça Portalegrense numa noite de festa bonita e emocionante de homenagem aos valentes forcados da sua Terra.