Mais um ano a grande desmontável instalada em Pinhal Novo registou uma boa entrada à vista, com 2/3 fortes da lotação preenchida.
Corrida de poucos momentos de euforia popular, mas de muitos bem valorizados pelo público, que entendeu as dificuldades colocadas pelos toiros e a postura dos intervenientes. Não se assistiram a lides espetaculares, mas ninguém saiu defraudado, bem pelo contrário. Apesar de atualmente muitos não saberem… lidar toiros também é isto!
O curro de Silva Herculano saiu pequenote mas composto de carnes e de correta apresentação. Foi complicado pela mansidão evidenciada. Sendo mais colaborante o 1º, com génio a adiantar-se o 2º, encastado e a adiantar-se o 3º, quase invisual o 4º, manso solene o 5º e manso perdido o 6º. Perante tal matéria e para não os despachar, pura e simplesmente, pedia-se profissionalismo, valor e saber. Foi isto mesmo que puseram na arena os cavaleiros da noite.
Rui Salvador (homenageado ao intervalo pelos 30 anos de carreira) entendeu bem o seu primeiro, rápidamente percebeu que tinha ali uma ajuda para abrir praça e puxar logo a noite. Deu a primazia de investida ao toiro e alcançou ferros de boa nota, com destaque para os 2º e 3º curto, a aguentar e a executar num curto espaço. O seu segundo foi lidado à voz, não ajudava na reunião pois em curto a incapacidade visual era quase completa, porfiou e deixou atuação correta. Foi ovacionado em ambos com reconhecimento. Coadjuvado por José Bartissol e Ricardo Andrade.
Luis Rouxinol confirmou o que alguns ainda tendem em não admitir. É o nº 1, no mundo, a lidar toiros a cavalo e ponto! O primeiro adiantava-se uma barbaridade, com ímpeto, de todo o lado e para colher. Luis não se deixou tocar uma só vez (se o fizesse, dava ao inimigo a "confiança" na luta), como tem recursos no camião, meteu-o no bolso em grande nível e rematado com um fenomenal par no centro da arena. Mas o segundo foi a prova dos nove, "ordinário", fechado em tábuas desde cedo, acometida em curto para colher e a defender-se. Uma lide que foi uma luta para não recorrer a martingalas de violinos, ferros por dentro, etc… Deixou a ferragem da ordem com valor e seriedade e ganhou a batalha com um último sesgo de raiva e tenacidade, no "quintal" do Herculano. Um exemplo do que é LIDAR um TOIRO DE LIDE, que tem a lide que tem…a deste era esta e esteve ao alcançe de Rouxinol. Triunfo forte! Coadjuvado por David Antunes e Josué Salvado.
Quem também teve uma noite de muito mérito e que nos agradou pela frontalidade com que respondeu à experiencia e profissionalismo dos seus alternates mais experientes e às exigências do lote, em especial do seu segundo, foi Tomás Pinto. Entendeu o primeiro na perfeição, contrariou a tendência para se defender e mansear de forma inteligente, ligado e a segurá-lo, conseguiu ter matéria para lhe dar a volta. Igualmente no difícil sexto, em que não virou cara à luta e porfiou para vencer a batalha entre tábuas e "no campo" do adversário, também sem artifícios que não os da garra e seriedade. Grande profissionalismo perante as adversidades…também! Triunfo forte! Coadjuvado por Marco Sabino e A. Telles Bastos.
Nas pegas um treino intenso para os caras, toiros que não permitiam erros. Também aqui foi notória a dignidade e sentido do "fazer bem" por parte de ambos Grupos.
Por Alcochete, João Belmonte à 2ª ( mal a receber a na 1ª), Dário Plirú, com muitas ganas num toiro rebrincado de investida e que tentava de imediato tirara cara por baixo, à 2ª. E Fernando Quintela à 2ª, a resolver, na valentia da noite a ir ao "quintal", onde tinha ido Rouxinol, buscar o oponente.
Por Beja, Ricardo Castilho à 1ª, José Miguel Falcão à 2ª,no tal "cego",muito bem a trazê-lo "à voz" até ao imite em ambas tentativas (não aguentou viagem por baixo na 1ª) e fechou José Miguel Sampaio no sexto à 3ª a resolver (nas anteriores não se adaptou à acometida rápida do burel), ficou em tábuas. Por muito menos, já vimos grandes…"êxitos". Fica a seriedade do gesto.
Dirigiu o Sr. Manuel G. Barros, com ferragem e embolação de Carlos Simões e José Alcachão.