Para quem seja minimamente aficionado, entenderá que Nazaré e Joaquim Bastinhas têm uma ligação única. Esta vila, conhecida pelas suas gentes ligadas ao mar e ao pescado, tem um amor inexprimível pelo cavaleiro elvense, da mesma forma que o cavaleiro elvense tinha esta praça como uma das que mais gostava de tourear.
O desaparecimento, físico, do cavaleiro alentejano não fez esse amor esmorecer. Este sábado, a praça do Sítio da Nazaré, encheu (três quartos da lotação preenchidos) para homenagear o cavaleiro que várias tardes/noites ali triunfou.
Em praça os cavaleiros Luís Rouxinol, João Moura Jr. e Marcos Bastinhas. Pegaram os Forcados Amadores de Lisboa, Aposento da Chamusca e Coimbra. Touros pertencentes da ganadaria Romão Tenório.
O público da Nazaré é entusiasta e numa entrega à arte e a quem a pratica acaba por transformar as corridas de touros numa inesgotável festa do início ao fim. O espectáculo desta noite iniciou-se, após as cortesias, com emotiva homenagem a Joaquim Bastinhas com a exibição de uma placa que estará colocada no exterior da praça.
Luís Rouxinol teve uma primeira lide positiva. Mas, diante um manso, sem transmissão, foi o cavaleiro de Pegões a ter de demonstrar algumas das qualidades que o colocam no patamar dos melhores da sua arte. Lide sem possibilidade de triunfo por falta de matéria-prima, valendo o esforço de Rouxinol.
Diante do segundo touro do seu lote, quarto da corrida, Luís esteve triunfal com uma actuação de classe, toureira e a chegar ao conclave. Brega vistosa, sortes frontais e com cravagens a preceito. Terminou par de bandarilhas e palmito de níveis elevados.
João Moura Jr. triunfou na lide do seu segundo touro, o quinto da corrida, diante de oponente valoroso. Uma brega a duas pistas e a desenhar sortes frontais e com reuniões ajustadas, rematando a lide com duas ‘Mourinas’ (citando à retaguarda e dobrando-se rapidamente aquando da arrancada do touro, resultando em reuniões ajustadas), com o público em delírio.
No segundo touro da corrida, o primeiro do seu lote, tentou, inicialmente após ferragem comprida, basear a lide em ferragens com batida ao piton contrário mas a crença do touro em terrenos de dentro levou o cavaleiro alentejano a ter de efectuar três sortes a sesgo.
Marcos Bastinhas tinha o público consigo e baseou as duas lides nessa mesma ligação entre arena e bancada. Apostando num toureio baseado na arte do rejoneio, maioria das suas sortes foram desenhadas em redondo e nunca frontais. Marcos está com uma boa quadra de cavalos e isso ajuda, além da sua qualidade técnica e sensibilidade que desta vez nem estiveram em particular destaque. As duas lides resultaram bastante do agrado do público, tendo dado duas voltas a arena após cada lide e saindo em ombros no final da corrida. Uma noite emotiva!
No sector das pegas foram à cara João Varanda e Rui Santos, ambos à primeira tentativa, por Lisboa; João Saraiva e Vasco Coelho dos Reis, também à primeira tentativa, pelo Aposento da Chamusca; Pero Silva, dobrando António Ferreira, à segunda tentativa, e Pedro Marques pelos amadores de Coimbra.
O curro de Romão Tenório deixou-se lidar, destacando-se pela negativa os dois primeiros da corrida no que a mobilidade diz respeito. Em termos de apresentação estiveram díspares mas aceitáveis. O ganadeiro deu volta a arena ao quinto da corrida.
Corrida bem dirigida por Ana Pimenta, assessorada por José Manuel Lourenço.