Pensei não falar novamente sobre a guerra, tema que abordei comparativamente à tauromaquia no meu último artigo, apenas volto a falar disto porque sem liberdade não há toiros!
Senão vejamos, sabemos que o invasor (Rússia) não tem nenhum respeito pela vida humana, neste caso dos civis, homens, mulheres e crianças, que são massacrados diariamente e o Ocidente contribui com migalhas e muito apoio platónico para que a Ucrânia resista, e de resistência sabemos nós taurinos.
Chegámos ao cúmulo dos russos já ameaçarem a própria América do Norte, no seu jeito prepotente e imperialista, tudo porque ninguém lhe faz frente.
Como alguém disse: “O império da barbárie, no seu manto de impunidade em pleno século XXI, e o Ocidente amedrontado deixando que tal continue a acontecer”.
Um rol de desgraças passa diariamente pelos nossos olhos, e se calhar a realidade é bem pior, mas onde ficou a humanidade, e a doutrina da não-violência tão proclamada?
Vivemos num mundo do faz de conta, em que a violência gratuita campeia, e em que uma doutrina expansionista imbuída de imperialismo mandou o respeito pelos outros, “às malvas”!
Recordei instintivamente todos os êxodos forçados de populações indefesas, os bombardeamentos contínuos destruindo zonas residenciais e património cultural, verdadeiros crimes contra a Humanidade, e ainda dizem que os criminosos somos nós (quando o nosso crime é apenas defender uma arte).
Sofremos uma carência de verdadeiros líderes mundiais, o que permite que um paranóico se permita estas atrocidades, e faça uso de uma doutrina de intimidação que tem infundido temor e tem paralisado aqueles que se lhe poderiam opor, falta coragem ao Ocidente.
Enquanto isto, a tauromaquia dá exemplos de convivência, de exaltação e generosidade de que cito alguns factos:
Tive a grata oportunidade de ser participe na inauguração do Museu Taurino do Prof. Marco Gomes, um verdadeiro repositório de arte e história tauromáquica, que sem dúvida vai engrandecer a Vila de Alter do Chão, e oferecer todo aquele valiosíssimo espólio cultural à fruição de todos os que amam a Festa.
Como espaço vivo que pretende ser, tem como principal função um sentido pedagógico em relação àqueles que, embora não sendo aficionados, queiram conhecer o que é o toureio em todas as suas vertentes, como um dos principais expoentes da cultura dos povos mediterrânicos, e que urge preservar.
Felizmente temos museu, porque infelizmente o da praça (dita capital do toureio nacional), do Campo Pequeno continua “encerrado temporariamente”, sem mais explicações!
Por cá várias corridas têm tido lugar, dando colorido às nossas praças e o público tem acorrido em bom número a ver os artistas, cavaleiros, forcados e algum, que outro matador de toiros. Já é alguma coisa!
Gostaria de salientar figuras do toureio como o maestro Emílio de Justo, que depois de saborear um grande triunfo na corrida de Almendralejo (onde saiu em ombros juntamente com Morante de la Puebla e Roca Rey), viu o reverso da medalha na “encerrona” que protagonizou no passado dia 10 de Abril na Monumental de Las Ventas, com a aparatosa colhida frente a um Miura.
O pundonor de Morante de la Puebla, apresentando-se em Sevilha no passado 17 de Abril (Domingo de Resurreción), após a colhida de Anõver del Tajo, e realizando boas faenas.
E que dizer da classe e valentia de Daniel Luque, que depois de uma grande tarde em que indultou um toiro de Victoriano del Rio, na Feria de Pâques, no Coliseu de Arles, apresentou-se na Real Maestranza de Caballeria de Sevilla, tendo sido colhido pelo primeiro toiro, regressou e cortou duas orelhas ao segundo, saindo em triunfo pela Puerta del Principe.
Três figuras de topo do mundo taurino, que demonstram a raça, a beleza e a nobreza do toureio no seu máximo esplendor.
Que exemplo para esta sociedade desprovida de valores em que vivemos, que faz apanágio do parecer bem, e das novas modas impositivas, que só conduzem à descrença e ao descrédito da mesma!
Apetece-me fazer minhas as palavras do escritor e jornalista espanhol Juan del Val: Que suerte ser aficionado a los Toros!