A Monumental Praça de Touros Celestino Graça, em Santarém, abriu a sua temporada com uma corrida de touros integrada nas Festas de São José.
Em praça os cavaleiros João Moura, António Telles e Francisco Palha. Os touros foram pertença das ganadarias Veiga Teixeira e Cunhal Patrício. Pegaram os forcados amadores de Santarém e Vila Franca de Xira.
A Praça está aprumada e o ambiente era bonito o que se sentia à chegada. Convívio, ansiedade e partilha de Estórias entre novos e velhos. Foi este ambiente ao longo de toda a corrida perante praça com três quartos da lotação preenchidos.
Durante as cortesias foi guardado minuto de silêncio em homenagem a várias pessoas ligadas à tauromaquia, recentemente falecidas.
João Moura, frente a uma rés de Cunhal Patrício com 490kg, abriu as actuações numa tarde soalheira e ventosa. Uma lide positiva perante oponente pouco colaborante e quem Moura não rasgou rumo ao triunfo. Bons momentos de brega, principalmente a duas pistas, e bons ferros (2º,3º e 4º curtos). Pelos Amadores de Santarém pegou Rúben Giovetti à segunda tentativa, dobrando Fernando Montoya que saiu lesionado na primeira tentativa.
O mestre da Torrinha, António Ribeiro Telles, enfrentou um Cunhal Patrício com 470 Kg, recebeu o oponente à porta dos curros mas o oponente revelou-se de meias investidas e que fugia para tábuas. Após regulares compridos, foi nos curtos que iniciou demonstração de toureio em que perante falta de brilho do touro, sobressaiu a sabedoria do cavaleiro. De boa nota destacam-se o 1º e 3º curtos. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegou Vasco Pereira, cabo do grupo, à segunda tentativa.
O mais novo dos três cavaleiros em cartel, Francisco Palha, abriu a lide com bonita sorte gaiola e logo de seguida crava mais um comprido de elevada nota e com emoção no máximo. Perante o Cunhal Patrício mais colaborante, até este momento, desenvolveu lide com bons curtos e quando faltou touro, sobrou Palha. Consegue aliar um toureio de frente com emoção e risco alicerçado na maturidade. Muito bem, Palha. Pegou António Taurino, pelos Amadores de Santarém, à segunda tentativa.
No intervalo foi prestada homenagem a João Moura pela celebração dos 40 anos de alternativa. Homenagem efectuada pela gestão da Monumental Celestino Graça, a Associação Praça Maior.
Perante oponente da ganadaria Veiga Teixeira, João Moura abriu a segunda parte com lide de qualidade superior à primeira com bons ferros e a demonstrar o conceito de toureio por si criado e inspirador de muitos outros que o seguem. Numa praça importante, Moura disse presente mesmo sem brilho retumbante. Rui Godinho, dos amadores de Vila Franca de Xira, pegou à primeira tentativa.
António Telles, perante touro Cunhal Patrício, esteve em plano muito positivo. O segundo curto é de raça, sabedoria e risco. As suas lides são templadas e a maturidade deu-lhe liberdade criativa. Sem ferver, soube cozinhar uma lide em lume brando abrindo apetite para a temporada. É na loja de Mestre António que (também) se aprende toureio. Pelos Amadores de Santarém pegou Francisco Graciosa à primeira tentativa. Ganadeiro deu volta à arena com cavaleiro e forçado e ainda com agradecimento adicional no centro da arena.
Francisco Palha fechou a tarde, frente a um astado Cunhal Patrício, com uma sorte gaiola bem desenhada e seguida de prolongado e aplaudido remate da sorte. Extraordinário. Após mais um comprido regular, sobressaiu nos curtos com entendimento perfeito do touro, brega correcta, sortes frontais e a dar vantagens ao touro e rematando eficazmente. Palha foi surpresa o ano passado e neste promete ser certeza. Na monumental de Santarém, o seu toureio foi um monumento à arte. Pelos amadores de Vila Franca de Xira pegou Francisco Faria à terceira tentativa.
A corrida foi dirigida por Marco Cardoso, assessorado por José Luís Cruz.
Nota 1: Anunciavam-se touros Cunhal Patrício. Sem informação, prévia, destinada à imprensa, saíram touros Cunhal Patrício e Veiga Teixeira.
Nota 2: Ficar no Sector 6 no Alto, antepenúltima fila, é claramente "excelente" para quem tem de escrever sobre um espectáculo.
Nota 3: Deveria existir cooperação entre a gestão da praça e a feira das festas de São José. Toda a corrida com música de carrosséis era evitável.
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