Como o Toureio.pt noticiou, este sábado (5 de Outubro) ocorreu um incidente na Praça de Touros da Chamusca, onde se anunciava um espectáculo de recortadores que não chegou a acontecer, tendo os aficionados reclamado o dinheiro dos bilhetes que já haviam adquirido.
O Município da Chamusca e a Misericórdia da Chamusca já vieram a público demarcar-se desta situação.
Em declarações ao Toureio.pt, o Presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), Paulo Pessoa de Carvalho, tomou também uma posição sobre este caso e sobre este tipo de espectáculo que não está regulamento, lamentando que esta não seja a primeira vez que acontece este tipo de situação.
“A APET repudia totalmente qualquer tipo de incidentes que, mesmo ultrapassando aquilo que é a organização de uma tourada”
Paulo Pessoa de Carvalho começa por referir que “estamos a falar deste assunto que aconteceu ontem, que foi triste, lamentável. E em primeira declaração digo que, a APET repudia totalmente qualquer tipo de incidentes que, mesmo ultrapassando aquilo que é a organização de uma tourada, está associado à tauromaquia, faz parte da tauromaquia e portanto quando não corre bem é sempre mau”, acrescentando que a APET muito pouco pode fazer porque “estas organizações não são espectáculos enquadrados no RET (Regulamento do Espectáculo Tauromáquico) e nem tão pouco é exigido que seja empresário de espectáculos, não há controlo das reses, isso é outra questão, e portanto quase que são espectáculos marginais em que há utilização de um recinto mas sem qualquer fiscalidade da tutela referente à parte tauromáquica, quer do Ministério da Agricultura, quer dos próprios agentes, porque não organizações de recortadores em Portugal, há grupos que se foram organizando em determinados momentos e portanto é muito difícil haver aqui um controlo efectivo.”
“Isto pode dar azo a que, possa haver um touro que seja lidado num espectáculo de recortadores que possa depois vir a ser lidado numa corrida de touros”
O Presidente da APET refere ainda que “esta questão tem sido já debatida em várias reuniões, até no seio das associações todas, porque, por não estarem enquadrados no RET estes espectáculos, não existem controlos das reses. Portanto há guias no transporte normal de animais, mas não há nos livros qualquer registo das reses. Portanto isto pode dar azo a que pessoas menos sérias e responsáveis, possa haver um touro que seja lidado num espectáculo de recortadores que possa depois vir a ser lidado numa corrida de touros.”
O dirigente deixa claro que “a APET gostaria era que em primeiro lugar estas situações não acontecessem, em segundo, depois de terem acontecido não é casa arrombada e trancas à porta, mas tem de ser feita uma reflexão imediata e provavelmente já para a próxima temporada em que os espectáculos de recortadores tenham de ser espectáculos tutelados pelo IGAC. Deverão fazer parte do RET, porque sem isso acontecer, este tipo de situações de curiosos que aparecem na festa, com vontade de fazer coisas, e aqui nem sequer questiono as boas intenções porque acredito que as pessoas são bem-intencionadas até prova em contrário, mas em que a sua falta de profissionalismo e capacidade de resposta perante coisas que acontecem, são más.”
“O nosso desejo é que tudo aquilo que se passa numa praça de touros associada à tauromaquia seja regulado pelo IGAC”
Sobre o caso em concreto da Chamusca, Pessoa de Carvalho salienta que “houve uma associação da Chamusca, que organiza os eventos, que se meteu na organização disto, houve aqui a associação Arte Lusa, dos recortadores, que por acaso eu os conheço e, portanto, são gente capaz mas não são empresários e portanto temos duas entidades metidas no assunto que de empresariado não sei qual é a sua experiência. A APET não os reconhece como tal, porque não são nossos associados, é que quando as paredes são frágeis é quando a casa cai, e portanto aqui as duas uma. O nosso desejo é que tudo aquilo que se passa numa praça de touros associada à tauromaquia seja regulado pelo IGAC, Esse é para nós o caminho até pelos canais de informação que existe em relação à tauromaquia, porque ou nós somos capazes de construir um sistema regulado sério ou então estamos sujeitos a que aconteçam situações destas lamentáveis".
Questionado se para evitar este tipo de situações não deveria haver um acordo entre a APET e os proprietários das praças de touros, por forma a que quem organizasse os espetáculos estivesse associado na APET, o Presidente da APET respondeu que “não sei, talvez… e se talvez isso tivesse sido mais cedo… eu sei que neste momento há mais um espectáculo de recortadores para Vila Franca, mas temos a garantia da empresa de Ricardo Levesinho a garantir que as coisas correrão bem, desconheço que haja mais espectáculos de recortadores e portanto, aquilo que falta até ao final da temporada não me levanta qualquer questão ou problema, para o futuro penso que sim, é uma ideia oportuna, pois se não houver possibilidade de integrar este tipo de espectáculos numa fase imediata no RET, se calhar terá que haver um tipo de condicionante, pelo menos quando houver organização de um espectáculo destes, de haver uma empresa acreditada e reconhecida que faça alguma supervisão e acompanhamento para que isto não aconteça.”
Em Agosto aconteceu um caso semelhante na Chamusca, promovido por um associado da APET, questionado sobre que sansões foram aplicadas, Paulo Pessoa de Carvalho refere que “essa situação aconteceu já com alguns antecedentes com essa empresa e a Associação de Forcados e outros intervenientes, toureiros, toiros… houve uma questão problemática, sendo que esse espectáculo nos passou à margem, sendo que nesse momento já estava um processo de avaliação e suspensão dessa empresa”, acrescentando que “foi mais uma gota de água para um processo já largo e naturalmente tem consequências obrigatoriamente, pois esse senhor não pode organizar corridas de touros sem resolver uma série de coisas que estão para trás, está com suspensão e na próxima Assembleia Geral será votado a sua definitiva saída da APET ou não, mas esse senhor está completamente suspenso, não podendo organizar qualquer tipo de corrida de touros ou espectáculo tauromáquico, sendo que se for um espetáculo de recortadores, nós não temos instrumentos para parar essa organização e esse é o tal problema que se levanta.”