Pedrito de Portugal apresentou-se com catorze anos na praça de toiros de Setúbal onde agora reapareceu. Já passaram também, vinte anos desde a sua mediática alternativa em Badajoz num período em que arrastou multidões. Falo dele em primeiro lugar, pois apesar do cartel ser enorme com dois “monstros” do toureio a cavalo que o acompanhavam era em Alexandre Pedro que estavam os focos para saber como se mantinha essa “reserva” da colheita dos anos noventa. Nunca Pedrito deixou por alguma vez de sonhar e perseguir o sonho de ser figura; estou entre um dos seus fiéis seguidores desde sempre; mas é incontestável que o tempo é muito e a chama se vai apagando e só não apagou já de vez, devido á falta de uma grande figura do toureio apeado Português. Lidou dois astados da Ganadaria de Paulo Caetano, o primeiro depois de o ter brindado a Rui Fernandes e mostrado ares ao recebe-lo por verónicas, na muleta ficou uma série por derechazos e a terminar experimenta ainda alguns naturais, pinceladas numa faena que apontou pormenores mas que não rompeu. O seu segundo, andava agarrado ao chão sem se empregar nos trastes, poucas hipóteses deu a Pedrito de brilhar e demonstrar que ainda tem muito para dar ao toureio; resta-nos esperar pelos dois contratos que ainda tem para Portugal na restante temporada e manter-mos essa chama que tanto brilhou, acesa. Pedro Gonçalves desmonteirou-se depois de três pares de bandarilhas no segundo do lote; mas foi no primeiro que foram cravados os pares da noite; dois, pelo enorme bandarilheiro, senão o melhor, e que se chama Cláudio Miguel.
O Maestro João Moura abriu praça perante um manso perdido que esgotou a paciência a toda a gente, até na hora de entrar, só á corda…enquerençado nos médios desde que saiu foi com valentia e arrojo que Moura lhe cravou alguns ferros. Foi no segundo que apareceu o grande triunfo Mourista, e podem ficar descansados os seus fiéis seguidores que depois do percalço que teve está a cem por cento e foi isso que demonstrou na Carlos Relvas; uma lide á Moura sem tempos mortos e com uma garra de quem parece começar agora, mas com a segurança e saber de quem como ele leva mais de trinta e cinco anos triunfando de verdade.
Rui Fernandes puxou dos seus galões para lidar o complicado primeiro, um manso que descaia para tábuas, ao qual Rui Fernandes deixou ferros de grande nota, música no segundo curto e praça em pé; apesar das dificuldades do oponente acedeu a mais um ferro pedido pelo público que resultou na perfeição rematado com piruetas. O segundo que lidou cumpriu e serviu para mais uma grande lide de Rui Fernandes com o entusiasta respeitável que enchia a praça esta noite a levantar-se e aplaudir fortemente o artista, ferros ao estribo muitos deles rematados com ajustadas pireutas, terminou com um bom par de bandarilhas em terrenos de compromisso que levantou as bancadas. Os toiros para a lide a cavalo que pertenciam á ganadaria de Branco Núncio tiveram nota positiva os segundos do lote de cada cavaleiro, todos com pouca cara e medianamente apresentados para uma praça de primeira categoria como a de Setúbal. As pegas estiveram a cargo dos Amadores do Montijo onde Ricardo Almeida concretizou á terceira tentativa e Ricardo Parracho numa boa pega á segunda. Pelos Amadores de Alcochete Tomás Vale pegou á terceira tentativa e Nuno Santana efectivou á primeira a pega da noite a fechar o capítulo das pegas.
Terminadas as cortesias seguiu-se um minuto de silencio em memória do taurino António Morgado tristemente desaparecido no dia anterior.
No intervalo foi descerrada no pátio de quadrilhas uma placa que marca a passagem de vinte anos de alternativa do Matador Pedrito de Portugal, onde foram proferidas algumas palavras pelo Homem do espectáculo e grande aficionado Nuno Braancamp, dizendo entre outras coisas que “Pedrito merece uma homenagem assim, mas na sua terra Lisboa”.
Um dos grande triunfadores da noite foi sem dúvida o público que encheu e participou de forma exemplar na festa; também a Banda de Alcochete como sempre, encantou.