Perto de 40 graus de um calor abafado não foram suficientes para demover o publico que acorreu à praça instalada ao lado do Santuário de Nª. Srª. D’Aires em Viana do Alentejo, durante a sua feira anual, no passado domingo. Srª D’aires que tem devotos espalhados por todo o mundo e entre as gentes dos toiros também, óbviamente. Se não sabia fica um exemplo: Segundo rezam os relatos de quem assistiu, José Mestre Batista era de tal forma crente desta santa de Viana do Alentejo que em desespero as últimas palavras que porferiu, quando da crise de asma que o levou do mundo dos vivos, foram dirigidas a ela: “valha-me Nª. Srª. D’Aires”.
Resultou muito bem o espectáculo montado pela juventude aficionada, dos integrantes, da Associação Equestre de Viana do Alentejo, que ao intervalo brindaram os presentes com uma demonstração de danças sevilhanas, a cargo da sua secção de dança. Salero puro, em pleno Alentejo.
Um magnifico curro de apresentação, com idade, rematado e dar um excelente jogo aos artistas. Infelizmente a” iliteracia taurina” que grassa pelas nossas bancadas fez com que por lá ficasse mais uma vez o criador, em tarde de triunfo forte. Foi mesmo muito bom o comportamento dos “Santiagos” em Viana. Se não tivessem de lutar também com o calor, estamos convencidos que teriam ajudado, ainda mais, ao exito e ao espectáculo. De qualquer forma colaboraram, pediram contas, com bravura e muita raça.
Luis Rouxinol arrimou-se mais uma vez ao que é importante, lidar os toiros que se tem por diante, com o que se sabe e se tem no camião. E como ao pé do pano é que se talha o fato, cá vai disto…entendimento correcto dos toiros, domínio da relação com o publico, escolha acertada das ferramentas e um figurino de montra na primeira lide, que valeu merecidamente o prémio de melhor lide. No segundo, novo desenho de alfaiate experimentado e o pano era mais para macacão que para gala, de qualquer forma saiu perfeito. Em suma, mais um exito e um aperto nos “gaiatos” (sinceramente é o único dos “cotas” que o consegue com regularidade actualmente)com que compartiu cartel. Como é que pode haver ainda quem duvide que é, indiscutivelmente o numero um do mundo a cavalo, NA LIDE DE TOIROS DE LIDE…HÁ VÁRIOS ANOS!
Marcos Bastinhas, talvez ainda na ressaca das emoções vividas poucas horas antes, na festa de seu Pai em Elvas,não se mostrou inspirado, andou fácil e diligente, sem comprometer, mas longe do “fogo” de outras ocasiões.Melhor e mais solto no seu segundo…Pode, sabe e deve fazer muito mais.
Tiago Carreiras foi quem bateu o pé ao “arreão” Rouxinol, no seu primeiro esteve asseado, deu a gracinha do (eterno) Quirino e pouco mais. No último assinou uma actuação importante, bem ligada, com escolha acertada dos terrenos, entusiasmou-se e teve no russo, que sacou nos curtos, uma ajuda fantástica. Viajou de frente, aguentou no momento do ferro e sacou-se limpamente, num toiro que se empregava e vinha por cima buscar o “calção”, apenas o senão de algum exagero de gestos na comunicação com as bancadas, mas dado o entusiasmo criado e o gosto da populaça, tolera-se! No restante…Bem Carreiras!
Nas pegas, troféu para o melhor Grupo em Praça, assim é que deve ser, fica o exemplo de aficion da organização. Aqui temos vindo a alertar para este aspecto e notamos que cada vez mais aparecem empresas a concordar connosco e a substituir o prémio de melhor pega, pelo mais justo de melhor actuação de Grupo. E prova disso foi esta tarde mesmo, em que o Grupo que teve a melhor pega, não foi o que no global melhor prestação alcançou.
Ganhou-o, por unanimidade do juri, o Grupo de S. Manços. Mas tal não significa que tenha sido de flores a tarde. Não o foi, para nenhum dos grupos.
Os Santiagos investiram todos com franqueza, pelo seu caminho e a empurrar com raça. Deram pegas bonitas quando os Grupos estiveram bem, mas várias, de parte a parte, foram as tentativas em que tal não aconteceu. É certo que foi tarde de oportunidades a forcados mais jovens e menos rodados, compreende-se por aí, mas também é importante que se corrijam erros cometidos, tanto de caras como a ajudar, que perante outros oponentes se pagam caro.
Por S. Manços Rui Frexa (2ª, recebeu mal na primeira), Manuel Vieira (1ª, recebeu mal e emendou-se) e Pedro Santos 2ª (rectificaram cara e grupo, depois de uma primeira em que o cara não recuou e o grupo não ajudou quando se emendou, nessa mesma tentativa).
Por Moura, Rui Branquinho 3ª, com ajuda eficiente de José Marques, o eterno “Penalty” (depois de não se dobrar e falar na 1ª e o toiro se defender com um piton na 2ª), Gonçalo Caeiro 3ª, com outra excelente e decisiva primeira ajuda a resolver (com o forcado a não recuar e não mandar nas duas anteriores reuniões), fechou numa pega rija e tecnicamente perfeita, o rodado Carlos Sota, à 1ª.
Bom e muito o publico, bons toiros, bons artistas, grande ambiente. Olé por Viana do Alentejo!