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“Tenho muita sorte de ter conseguido seguir a minha carreira em Espanha porque senão já há muito tempo que teria desistido.” revela Ana Rita ao Toureio.pt

A cavaleira Ana Rita foi um dos destaques da temporada tauromáquica…em Espanha. Várias, quase a totalidade das corridas ali efectuadas, saídas em ombro e a crítica a render-lhe vários elogios. Em Portugal, pouco ou nada actuou. O Toureio.pt entrevistou a cavaleira para um balanço de temporada e também para nos falar sobre as diferenças que sente entre Portugal e Espanha.

Numa recente publicação na sua página oficial de Facebook, aquando de um prémio em Sevilha, revelava “(…)Agora começam a entrega dos prémios e não podia começar melhor. Primeiro prémio da…temporada, em Sevilha no Restaurante Montolivo, onda capital. Um sonho puder tourear naquela praça um sonho que ainda não se realizou mas espero que se realize em breve.Este foi um prémio especial. Muito obrigada ao Sr Paco Perez e á tertúlia Universitária da juventude de Sevilha por este reconhecimento.Só é costume entregarem estes prémios a quem triunfa na Maestranza de Sevilha.Eu não tive a honra de tourear em Sevilha mas estou muito orgulhosa pelo o reconhecimento que tiveram para comigo recebi um prémio de revelação da temporada”.

Apresentamos de seguida, e na íntegra, a entrevista realizada à cavaleira.

Toureio.pt (T)- Para começarmos gostaria que nos fizesse um balanço da sua temporada 2017.

Ana Rita (A.R)- O balanço que faço da minha temporada é muito positiva. Foi uma temporada de muita expectativa com apoderados novos com metas que conseguimos alcançar. Uma temporada importante para mim com 29 corridas saí 26 vezes pela porta grande com o corte de 79 orelhas e 9 rabos.

T- Dos espetáculos em que participou qual foi aquele que em que mais se sentiu realizada enquanto cavaleira tauromáquica?

A.R- Sem dúvida nenhuma a corrida da grande ganadaria do grande Sr. Vitorino Martin, antes de entrar em praça o respeito que senti pelo público foi enorme, um sentimento muito bonito de se sentir antes de entrar em praça. Foi um dia muito bonito em que tudo saiu bem, a verdade é que este ano não tive a vida facilitada em termos de toiros saíram-me toiros muito complicados esta temporada. Nesse dia foi diferente, tive sorte com os toiros, desfrutei fiz o público desfrutar, senti-me muito realizada como cavaleira nesse dia.

T- Por falar na sua profissão, a Ana Rita sente-se mais cavaleira ou rejoneadora? Porquê?

A.R- As duas coisas, porque tenho que conseguir ser as duas coisas numa, cavaleira por ser Portuguesa e por todos os meus ensinamentos, rejoneadora por ser o País que me abriu as portas e porque tenho de matar os toiros no final de cada lide, há que conseguir ser as duas coisas.

T- Esta temporada entrou para a história por ser a primeira cavaleira a lidar touros Vitorino Martin. Como se sentiu diante desses touros?

A.R– Sim, senti-me muito bem dois toiros muito diferentes mas que deram bom jogo, diverti-me muito. Um dia que nunca irei esquecer.

T- No início da temporada separou-se de Francisco Cáceres e anunciou uma dupla de apoderados, o que mudou na carreira de Ana Rita?

A.R- Sim, uma separação que me deixou triste já estava com o Francisco Cáceres hà 7 anos e não foi fácil, mas queria tentar novas oportunidades para mim, novas metas, foi um passo muito positivo que já deu bons frutos esta temporada e penso que me abrirá portas para a próxima temporada.

T- Esta foi uma temporada que se baseou em Espanha, porquê?

A.R- Como os meus apoderados são Espanhóis basearam mais o seu trabalho no seu País, também toureei em França. Portugal com muita pena minha já é a segunda temporada que não toureio no meu País.

T- Considera-se mais valorizada em Espanha?

A.R- Pelos empresários sim, pelos aficionados sinto-me valorizada nos dois Países, apesar de não tourear em Portugal os aficionados nunca se esquecem de mim. Estão sempre a incentivar-me a dar-me apoio, é muito bom para mim saber que me dão valor no meu País. Por outro lado tenho muita sorte de em Espanha as pessoas gostarem de mim, do meu toureio, tenho muita sorte de ter conseguido seguir a minha carreira lá porque senão já há muito tempo que teria desistido.

T- Não tourear em Portugal é uma opção ou uma consequência?

A.R- Não tourear em Portugal não é opção, é sim uma consequência pelo facto de não conseguirmos chegar a acordo com os honorários.

T- Considerada por muitos como uma toureira irreverente, será que esse facto incomoda alguns e por isso não atuar mais no seu país?

A.R- Esse também poderá ser um dos factos.

T- Acha que o facto de ser mulher ainda é um ‘handicap’ na tauromaquia?

A.R- Não, isso já acabou.

T- Será que o facto de a Ana Rita não ser uma cavaleira de dinastia tem mais dificuldade de se impor em Portugal?

A.R- Não só em Portugal, em qualquer parte do mundo. Quando se nasce numa dinastia o nome da família ajuda muito, tudo é mais fácil.

T- Qual a sua opinião da actualidade da Festa Brava em Portugal?

A.R- Na minha opinião, penso que há muita coisa que tem de mudar, eu oiço histórias do meu Maestro de antigamente e ele diz que havia muito respeito pelos toureiros. Hoje em dia não há respeito nenhum por nós, estou a falar de bastidores e quando assim é não precisamos dos anti para nada porque estão dentro da festa.

T- Como vê os ataques cerrados, cada vez mais fortes, dos anti taurinos?

A.R- Os anti-taurinos ajudam a festa a estar viva

T- O que mudaria até agora na sua carreira?

A.R- Não mudaria nada, a vida é como é.

T- Como é feita a preparação para uma corrida? Há um estudo da ganadaria que vai lidar? Há uma escolha de cavalos com base na ganadaria?

A.R- Não, como costumo dizer, um toiro é um toiro por mais que tentemos estudar só no fim de sair dos curros é que o podemos fazer essa análise.

T- Considera que atualmente há toureiros que já levam as lides pré-feitas de casa e que por vezes sai tudo ao contrário e deixam fugir o triunfo?

A.R- Sim por vezes acontece isso, a mim aconteceu mas isso passa quando começamos a ter mais traquejo.

T- Quantas horas a Ana Rita treina por dia no defeso? E durante a temporada?

A.R- Treino todos os dias de segunda a domingo, depende dos dias, mas mais habitual 8/9 horas no defeso. Na temporada vou conciliando com o treino entre a quinta e as corridas. Quando se quer muito ser figura temos de trabalhar muito para o conseguir, não é uma vida fácil tem de se gostar muito.

T- Qual a Praça de Touros que mais sonha tourear? Recentemente falou de Sevilha, onde aliás foi premiada…

A.R- Sim um dos sonhos é Sevilha e Madrid.

T- Qual a importância do Prémio que recebeu em Sevilha?

A.R- Foi muito importante visto que aquela entrega era só para os triunfadores de Sevilha, foi uma grande distinção, sinal que o meu trabalho está a ser reconhecido

T- Sente-se uma revelação ou depois de tanta saída em ombros em Espanha ou já é uma certeza?

A.R- Penso que já é uma certeza.

T- O que mudaria na Festa dos Touros em Portugal?

A.R- É uma pergunta difícil de responder, tentaria mudar acima de tudo a troca de interesses.

T- Qual a importância das redes sociais no contacto com o público?

A.R- As redes sociais são muito importantes para as pessoas estarem dentro de tudo o que se passa na festa, de estarem mais perto dos seus ídolos.

T- Dedica muito tempo às redes sociais ou tem alguém a gerir a sua página?

A.R- Dedico o necessário para satisfazer todos aqueles que gostem de mim. Em termos de notícias para sites tenho a ajuda do Sr Fernando Borges.

T- Que mensagem gostaria de deixar aos leitores do Toureio.pt?

A.R- A mensagem que quero deixar é de agradecimento por todo o apoio, pelo carinho que têm por mim. Sempre vou tentar não os defraudar. E muito obrigada ao Toureio.pt por todas as notícias que deram sobre mim.

Redação

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