Apesar de, no dia 12 de julho, ter anunciado que suspenderia a atividade taurina, fui-me mantendo atento a tudo o que se foi passando neste sector da cultura portuguesa.
O site esteve parado durante dois meses, mas, há uns dias atrás decidi dar alguma atividade a este espaço, mas, para já, sem a dinâmica de outros tempos.
Ao longo de mais de 17 anos nesta vida de Jornalista sempre respeitei os direitos e os deveres desta profissão, porque ao fazê-lo estava a valorizar o meu trabalho e a profissão. Um dos deveres inerentes a esta profissão é informar com rigor, verdade e independência, só assim considero que se está a cumprir um trabalho digno e de interesse.
Como referi, ser Jornalista é apresentar um trabalho com as características que mencionei, mas, com a informação a circular cada vez mais rápido na internet, torna-se imperioso que o profissional da informação trabalhe de forma a que o trabalho que realizou chegue o mais rapidamente possível ao leitor.
Como é dito no título deste artigo, nós, Jornalistas, não somos cidadãos normais, estamos protegidos pela Lei e seja o que for que aconteça a um Jornalista terá proporções muito maiores.
Infelizmente no mundo taurino a maioria das coisas faz-se sem rei nem roque e trata-se a pouca imprensa que existe quase como pedintes, ora, é importante recordar que um Jornalista está protegido pela Lei, aliás, ao abrigo da Lei, um Jornalista está ao mesmo nível de um “membro de órgão de soberania, do Conselho de Estado, Representante da República, magistrado, membro de órgão do governo próprio das regiões autónomas, Provedor de Justiça, membro de órgão das autarquias locais ou de serviço ou organismo que exerça autoridade pública, comandante de força pública, jurado, testemunha, advogado, solicitador, agente de execução, administrador judicial, todos os que exerçam funções no âmbito de procedimentos de resolução extrajudicial de conflitos, agente das forças ou serviços de segurança, funcionário público, civil ou militar, agente de força pública ou cidadão encarregado de serviço público, docente, examinador ou membro de comunidade escolar, ministro de culto religioso, jornalista, ou juiz ou árbitro desportivo sob a jurisdição das federações desportivas, no exercício das suas funções ou por causa delas”, assim diz o art.º 132.º do Código Penal e que deixa claro que as agressões praticadas contra um jornalista no exercício das suas funções ou por causa delas passam a ser consideradas crime público, sendo susceptíveis de revelar especial censurabilidade ou perversidade para efeitos penais.
Exercer a profissão de Jornalista no sector tauromáquico não é nada fácil, nunca o foi… basta escrever-se algo que não vá de encontra às ideias de algum interveniente, vem logo o próprio ou alguém a seu mando pedir explicações, presencialmente, por telefone ou mensagem. Ou seja, não há liberdade de imprensa, como já referi em vários artigos.
Atualmente não há liberdade de imprensa, nem liberdade de expressão, pois se analisarmos bem, o público, que paga o seu bilhete não se pode expressar na bancada, porque se o fizer negativamente está logo um toureiro ou alguém da sua equipa a olhar para a bancada e a marcar seja quem for, ou seja, o aficionado paga o seu bilhete, entra numa praça de touros e só pode bater palmas, se não está em risco de levar.
O estado atual da tauromaquia em Portugal não é bom, por mais que queiram fazer querer parecer e porquê? Porque se formos analisar, neste momento, a festa em Portugal vive praticamente de Pais e Filhos e quem não o é, tem de seguir as ordens se não deixa de entrar nos cartéis e depois temos ainda os empresários que na sua maioria são apoderados (empregados) desses Pais e Filhos, em suma, é uma bolha em que todos vivem num país das maravilhas, todos têm de estar sempre bem e ai de quem diga a verdade, porque se o disser, está a “tirar-nos o pão da boca”, como alguns dizem.
Depois de tudo isto há (?) a imprensa, ou melhor a pouca imprensa. Os cinco dedos da mão são demais para contar o número de verdadeiros Órgãos de Comunicação, que verdadeiramente informam, noticiam, relatam e opinam, porque tudo o outro leque são fotógrafos que têm a legitimidade de ter o seu lugar, mas não são imprensa, são fotógrafos. E como exemplo disto que cabei de dizer foi a infeliz colhida de António Telles, que apesar de ser um momento dramático, é notícia! Todo o material que houvesse sobre aquele facto tinha de sair na hora e o que aconteceu? Não houve uma crónica da corrida e fotos da colhida só apareceram uma semana depois… peço desculpa, meus senhores, mas Jornalismo não é isto.
Tudo isto que acabei de escrever, vem no sentido de repudiar as alegadas agressões a uma equipa de reportagem junto à praça de touros da Moita. É um momento negro para a Tauromaquia não por ter sido a equipa do TouroeOuro, até podia ter sido outra, mas por ter sido a Jornalistas na execução da sua atividade.
É certo que as alegadas agressões vão ser investigadas e até qualquer decisão de um tribunal os alegados autores são portadores da presunção de inocência, mas dada a gravidade da situação, a Associação Nacional de Toureiros deveria tomar uma posição e até abrir um inquérito, também para apurar a verdade, pois é um dos seus associados que está em causa.
Para terminar gostaria de deixar bem claro que, este meu escrito não aparecer por ser A, B ou C, estou a escrever porque acima de tudo defendo a minha profissão! Pois, em várias ocasiões repudiei, lembro-me de várias situações em que Jornalistas foram importunados no exercício das suas funções.
Por aqui me fico, na esperança de que tudo se esclareça, mas que principalmente de uma vez por todas se respeite a profissão de Jornalista.