As sombras apoderaram-se da tauromaquia neste ano fatídico que vai terminar, várias figuras gradas ligadas a esta arte deixaram-nos, e deixaram saudades, pela sua importância, pelo que representaram e pelo legado deixado. Agora no panorama taurino nacional, foi Armando Soares um dos grandes do toureio apeado que nos deixou. Um grande senhor que pisou as arenas mais importantes do universo taurino, que ombreou com as maiores figuras da época, sempre levando aquele orgulho pátrio por bandeira, dignificando o nome de Portugal por esse mundo fora.
Por mim, gostaria de reconhecer o apoio que prestou a Barrancos quando o necessitámos, e a amizade com que nos brindou, na hora da despedida brindamos por si,: “Va por usted maestro”!
A anunciada criação de uma nova associação de municípios, presumo que em substituição da actual Secção de Municípios Taurinos no seio da ANMP (Associação Nacional dos Municípios Portugueses), poderá dar uma nova dinâmica á defesa das tradições culturais ligadas á tauromaquia.
Pertenci á referida Secção enquanto representante do meu município, Barrancos, e sei que muitas vezes apesar do apoio da ANMP, não se conseguiu a projecção necessária, e pôr em acção os projectos tão necessários á defesa e afirmação da tauromaquia em cada concelho, e no todo nacional.
Se calhar faltou autonomia no que toca às decisões importantes, e uma estratégia consequente face aos ataques de que somos alvo.
Uma saudável expectativa assiste-nos com esta nova entidade, e esperamos que não demore, e que seja um elemento aglutinador e dinamizador na afirmação dos valores e das tradições culturais taurinas dos municípios portugueses.
Boas notícias surpreenderam-nos ultimamente, como foi a derrota das propostas dos partidos anti-taurinos, no âmbito da aprovação do OE2021. A firme decisão da União Europeia de não excluir a ganadaria brava dos apoios á pecuária, contra a opinião sectária de pseudo ecologistas/ambientalistas que discriminam tudo o que se refere á tauromaquia. A decisão da Suprema Corte de Justiçado México, decretou: “No se pueden dañar los derechos de las personas que son próprios de su cultura y tradiciones”, declarando inconstitucional a proibição de menores em espectáculos taurinos.
A própria suspensão da demolição da praça de toiros da Póvoa de Varzim, decretada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, contra a anunciada decisão da Câmara Municipal e do seu presidente, em que é justo salientar a importância da acção interposta pela Patripove – Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro, e nos dá a certeza que é preciso lutar pelo nosso património e nunca baixar os braços.
Estes factos representam uma luz na escuridão do tempo pandémico que vivemos, e dão-nos uma nova esperança para ultrapassar as restrições impostas á tauromaquia, com os decorrentes prejuízos para todos os profissionais do mundo taurino.
Tempos difíceis os que vivemos, dificuldades acrescidas muito devido á insensibilidade e pouco respeito dos políticos que nos governam/desgovernam, por esta arte cultural que nos empolga e nos oferece tardes únicas com faenas inolvidáveis, em que matadores e cavaleiros se transcendem. A riqueza que representa a ganadaria brava, com o ecossistema protegido devido ao toiro omnipresente no espaço rural, o emprego que gera e resulta em mais-valia para as economias nacionais, dos países que mantém a tradição taurina – Portugal, Espanha, França e América Latina.
Mas importa ressaltar que muito do futuro da tauromaquia, está nas mãos e nas atitudes dos aficionados taurinos. Eles são um elemento preponderante na defesa da Festa e, como o diz o critico Rafael Comino Delgado no seu artigo publicado no portal taurino Aplausos, “Decálogo del buen Taurino: El buen taurino, sea o no profesional,pues los aficionados también somos taurinos, debe serlo siempre en su vida, vivir en taurino, igual que el torero debe vivir en torero, y practicar los valores que enaltecen y rigen en el toreo, y para ello debe conocer la tauromaquia, entenderla, sentirla, amarla y vivirla.”
Numa tentativa de remar contra a maré, e neste quadro de incerteza, diria quase que institucionalizado, anunciam-se por todo o mundo taurino os espectáculos taurinos para 2021, com a esperança assumida que possam ser realizáveis, e sejam uma certeza de retoma e de futuro para a normalidade porque todos ansiamos.
Desejando Boas Festas taurinas.
Vamos acreditar que é possível!